
"Quercus interpõe providência para impedir venda de terreno à Pescanova
A organização ambientalista Quercus interpôs uma providência cautelar para impedir a Câmara de Mira de vender terrenos à Pescanova e assim inviabilizar a instalação de um empreendimento de aquacultura de pregado.
A providência cautelar deu entrada no Tribunal de Mira e pretende impedir a realização da escritura de compra e venda do terreno previsto, alegando que o mesmo não pertence à autarquia. "Trata-se de um terreno baldio, que tem uma comissão de compartes e a Câmara não pode vender uma coisa que não é sua", justificou Hélder Spínola, presidente da direcção da Quercus. O valor acordado entre a Câmara de Mira e a Pescanova terá sido de 2,5 euros o metro quadrado, tendo a autarquia recebido já 20 por cento do pagamento. Os restantes 80 por cento serão pagos no acto da escritura. É essa escritura que a Quercus tenta agora impedir, através da providência cautelar junto do Tribunal de Mira."
A providência cautelar deu entrada no Tribunal de Mira e pretende impedir a realização da escritura de compra e venda do terreno previsto, alegando que o mesmo não pertence à autarquia. "Trata-se de um terreno baldio, que tem uma comissão de compartes e a Câmara não pode vender uma coisa que não é sua", justificou Hélder Spínola, presidente da direcção da Quercus. O valor acordado entre a Câmara de Mira e a Pescanova terá sido de 2,5 euros o metro quadrado, tendo a autarquia recebido já 20 por cento do pagamento. Os restantes 80 por cento serão pagos no acto da escritura. É essa escritura que a Quercus tenta agora impedir, através da providência cautelar junto do Tribunal de Mira."
"A acção que deu entrada no Tribunal de Mira contesta o argumento de que os terrenos nas dunas da praia, onde se pretende instalar a unidade de engorda de rodovalho, são do domínio privado do município, defendendo que são do domínio público, ou baldios, contestando assim a escritura por usucapião, publicada a 11 de Junho num jornal local. Assim sendo, os protocolos assinados entre a autarquia, no pressuposto de ser a legítima proprietária dos terrenos, e a multinacional Pescanova não terão validade. António Campos, membro da Quercus, confirmou ao JN que o interesse da associação são as implicações ambientais do projecto "em zona de protecção máxima" - e daí o parecer negativo emitido ao Estudo de Impacte Ambiental - e não tanto a questão jurídica e formal de quem é o detentor da propriedade. "Socorremo-nos das armas que temos. É claro que o nosso objectivo é parar o projecto nesta localização, que não tem sido mais do que um repositório de irregularidades com a conivência das autoridades", afirma, acrescentando-se receoso de que também os cinco quilómetros de mata entre a Praia de Mira e a unidade venham, posteriormente, a ser desafectados.
O executivo de Mira recusa, para já, fazer qualquer comentário acerca do assunto, mas o JN sabe que se prepara para contestar a acção interposta pela Quercus de forma a evitar atrasos a um projecto cuja primeira pedra deveria ser lançada em Outubro próximo."
O certo mesmo é que a providência cautelar foi interposta, havendo "fumos de bom direito" (fumus bonnis iuris se bem me lembro das aulas de Direito Processual Civil), corremos o risco (ou talvez não?) de não vermos no proximo ano as prometidas obras no local. Atrasando o projecto e colocando mais um problema de dificil resolução a este executivo.
Uma nota para a Quercus, é de louvar que alguem se preocupe com o bem estar das populações de Mira, não só com eles mas também com o espaço envolvente, contudo não posso de fazer um reparo a estes senhores. É que toda esta preocupação com o concelho de Mira surge num momento em que a exposição mediatica é maior, mas Mira já tinha outros problemas que necessitavam da douta e vasta experiencia da Quercus... Porque é que só agora demonstram sensibilidade para com o concelho de Mira? Porque é que não se debruçam também sobre o estado deplorável em que se encontra todo o sistema hidrico concelhio, ou sobre o estado do cordão dunar no concelho? Ou ainda sobre os inertes que se vão por ai extraindo...?
Agradeçemos a preocupaçao com o o ambiente nas nossas localidades, e por esse país fora, mas também agradeceriamos se essa preocupaçao fosse constante e coerente. Não só quando o "direito de antena" contribui para a exposiçao nos media, mas tambem e sobretudo quando poucos neles falam, e quando a necessidade de divulgação peca por ser escassa.
Falar é facil... fazer é preciso
João Luís Pinho/JN/Agroportal