
Comemora-se hoje, dia 27 de Setembro, o Dia Mundial do Turismo, este ano subordinado ao Tema "O Turismo abre as portas às mulheres", escolhido pela Organização Mundial do Turismo (OMT).
Um pouco por todo o lado vários são os organismos e entidades que de uma ou de outra forma procuram lembrar este dia, por exemplo as turistas que chegarem esta quinta-feira a Portugal vão receber uma flor.
Provavelmente assistiremos tambem a varios discursos de varias entidades, reconhecendo as virtudes deste sector económico - "o Turismo é a principal indústria de Portugal", " o Turismo é a principal indústria do século XXI", entre outros dados e factos que mesmo um leigo na matéria consegue verificar, basta ver as quantidade de familias que vivem exclusivamente deste sector, ou de actividades paralelas a ele, e não será preciso ir até ao sul soalheiro do Algarve, pois mesmo aqui na nossa terra "à beira mar plantada" há quem viva quase exclusivamente dos frutos da actividade turistica aqui desenvolvida.
Creio que nem mesmo aqueles que nada percebem do fenómeno não se coibirão de expressar as suas opiniões (e ainda bem que o podemos fazer, liberdade de expressão acima de tudo).
Na região centro anuncia se a assinatura de mais um protocolo de colaboração, desta vez entre a Região de Turismo do Centro (RTC) e a Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas com vista à criação de uma carta gastronómica. O projecto custa 350 mil euros e como o dinheiro não abona por estes lados os promotores tentam o financiamento através do QREN.
Apesar disto, a propria RTC estará em risco de sair de Coimbra (o que para nós Mirenses talvez nada represente, pois somos praticamente uma região periférica no que diz respeito a apoios, iniciativas ou actividades da RTC, o que nada abona para a propria RTC).
Por Mira, a Camara Municipal e o Museu etnografico decidiram organizar uma merenda, "onde poderá reavivar a memória degustando produtos gastronómicos locais" passando depois um filme relacionado com os direitos da mulher. Quanto à merenda, e correndo desde já algum risco, creio ser uma boa iniciativa, é algo nosso, representativo das nossas origens e desde sempre sinónimo de unificação de gentes e culturas. Quanto ao filme não posso deixar de manisfestar algum espanto, sem deixar de apoiar a igualdade entre homem e mulher, creio que poderiam ter optado por outro filme, algo mais ligado quer ao dia em questao, quer à propria regiao. Fico a pensar que filme mostrarão no dia da Mulher, talvez algo sobre os palheiros ou a riqueza patrimonial das gandaras...
O dia de hoje deveria ser o inicio de um ciclo há muito adiado, o inicio de uma analise do fenómeno turistico na nossa região. Uma analise concertada e sobretudo multiparticipada. Deixemos também de apontar o dedo ao municipio em todas as questões relacionadas com o Turismo, é um facto que também a CM Mira tem responsabilidades no sector ao nivel local, mas também o têem os diversos agentes económicos locais, e talvez ainda mais do que o proprio municipio. Falamos constantemente de Turismo, das belezas naturais, do património local e por ai adiante, mas se formos sinceros e honestos se houve alguem que fez algo pela promoção e valorização destes foi sem dúvida o Municipio (nao fizeram mais que a sua obrigação dizem alguns..., correcto mas por vezes mesmo aqueles que tinham essas obrigações falharam). Também algumas Associações têem mostrado como se faz e como se promove a nossa terra, basta ver o trabalho desenvolvido pela AAMARG e pelos Nabos, que na sua forma peculiar de actuaçao teem colocado Mira no mapa.
Nos ultimos anos muito pouco se fez de facto, mas ainda estamos bem a tempo de apanhar o comboio do desenvolvimento, partido do Turismo como alavanca de apoio (o Cluster ja bastantes vezes falado).
A pista ciclopedonal foi e é sem dúvida um marco nesta forma de actuar. Criada nao so para os Mirenses, permite desde logo uma forma de contrabalanço relativamente à vida sedentária que levamos, contribuindo pra o bem estar fisico e social; Mas tambem para o Turista, pois permite um conhecimento real da vida quotidiana de um lugar, desde a cultura local até ao patrimonio paisagistico ambiental.
Será que dentro desta terra não seremos capazes de encontrar gentes capazes de prosseguir com este modelo de desenvolvimento? Será assim tão dificil?
João Luís Pinho