quinta-feira, janeiro 18, 2007

MIlhões... e mais milhões



21.500.000.000 ... é o montante em euros dos fundos comunitários que estão previstos para Portugal
O Conselho de Ministros aprovou o Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007/2013, que define a aplicação de 21,5 mil milhões de euros dos fundos da União Europeia entre 2007 e 2013. Qualificação e Competitividade são as prioridades...
Com mais esta remessa de fundos comunitários (que deverá ser a última) Portugal tem mais uma oportunidade de se desenvolver e de ver algumas das suas deficiencias atenuadas. Nos ultimos anos, em que a proliferação de cursos de formação foi mais que muita como sabemos, em que quase todas as familias viram alguem do seu agregado familiar envolvido neste ou naquele curso de formação, custeado pelos fundos europeus claro está, os resultados não foram talvez os esperados. Ora bastará ver quantas das formações foram de factos aproveitadas para um desenvolvimento económico-social, não querendo contudo dizer que foram supérfluas, creio contudo ter havido um crescimento desmesurado, bem como um aproveitamento sobretudo dos "salários" que auferiam quem as frequntava, sem que depois tenha havido qualquer desenvolvimento ou aproveitamento das mesmas.
No país em que os governantes assumem que um aumento de impostos até é bom porque obriga a poupar (?) , mas em que se esquece que a maior parte da população não tem como pagar o que consome, quanto mais poupar, essa medida funcionará para aquele pequeno grupo dos que do rendimento que auferem conseguem guardar algo.
Surgem então vozes apelando ao desenvolvimento na forma de tres agendas, apoiadas no QREN:
Agenda para o Potencial Humano
*promoção das qualificações escolares e profissionais dos portugueses
*promoção do emprego e da inclusão social
*valorização da igualdade de género e da cidadania plena;
Agenda para os Factores de Competitividade
*estimular a qualificação do tecido produtivo
*desenvolvimento tecnológico
*estímulo do empreendedorismo
Agenda para a Valorização do Território
*dotar o país e as suas regiões e sub-regiões de melhores condições de atractividade para o investimento produtivo e de condições de vida para as populações
*Reforço da Conectividade Internacional, das Acessibilidades e da Mobilidade, Protecção e Valorização do Ambiente, Política de Cidades e Redes, Infra-estruturas e Equipamentos para a Coesão Territorial e Social.
A prioridade agora será então a Qualificação a par da Competitividade. No nosso concelho, onde apesar de nos ultimos anos a escolaridade média ter aumentado significativamente, o desemprego também a acompanha, surgindo nas estatisticas um cada vez maior número de licenciados na situação de sem trabalho, ou sem emprego como preferirem. Os Mirenses (e os Portugueses em geral) assumem com frontalidade que os fundos comunitarios são utéis para o pais, mas se questionados se os fundos contribuiram de facto para o desenvolvimento social e económioco do pais a resposta talvez seja outra. Quem não se lembra de nos idos anos de 90 surgirem regularmente noticias sobre eventuais utilizações fraudulentas desses mesmos fundos? Quem não se recorda de ouvir falar que fulano tal mal recebeu os fundos para desenvolver a sua empresa logo se apressou a comprar uma viatura "topo de gama? E como estas muitas outras desconfianças sobre o destino desses milhões...
Em zonas menos providas de investimento estes fundos são uma mais valia, não que também não o sejam para as zonas mais desenvolvidas, mas é nestas zonas, como Mira, que este precioso auxilio ao desenvolvimento poderá marcar a diferença. Pois numa altura em que a tão badalada crise económica estende os seus tentáculos nada melhor que um fundozinho comunitário para animar a malta. Os dados estão na mesa, falta quem jogue...
Faltam projectos, faltam empreendedores, falta sobretudo uma mentalidade pró futuro, uma mentalidade de vencedores. Numa terra em que os "velhos do Restelho" continuam a ditar as suas regras é preciso que a nova geração, essa já mais habilitada (mas não forçosamente "qualificada"), suba as mangas e se agarre ao trabalho. Que criem projectos, baseando a sua actividade nas pessoas e nos saberes, apoiados por verbas comunitárias claro está, mas sobretudo apoiados em si mesmo, apoiados no seu "savoir faire" antes de qualquer dinheirinho fácil. Pois esse facilmente se perderá tal como areia por entre os dedos se não se souber aplicar, enquanto o saber esse fica, e pode produzir frutos...
Vamos plantar hoje para colher mos amanhã, o futuro pertence nos.
João Luís Pinho

4 comentários:

Anónimo disse...

A oportunidade é boa, vamos agora verificar acerca da capacidade de concretizaçao e elaboraçao de projectos dos nossos conterâneos.
Haverá concerteza bons, maus e assim assim...

Ps. Continua Pinho to a gostar dos teus textos

Anónimo disse...

Nota solta ou Insólitos yorn?
Empenhados em mostrar que os recursos financeiros que virão de Bruxelas entre 2007 e 2013 serão inferiores aos que os antecederam, a Presidência do Conselho de Ministros fez a apresentação do QREN num auditório onde não cabiam mais de 500 pessoas, mas convidou perto de um milhar. Não sei quem foi o autor da ideia, se a PCM se a LPM, mas a verdade é que teve impacte. Só se espera é que a tão propagandeada selectividade na aplicação dos fundos venha a ter regras mais felizes que a do “primeiro a chegar”. Quem teve sorte foi a Comissária Hübner que enviou um vídeo, porque doutra forma ter-se-ia sujeitado, como alguns elementos do Governo, a ficar à porta.

F.C.A.

Carlos Monteiro disse...

Na minha modesta opinião são os empresários, que mais têm demonstrado apostarem na cultura tecnológica e na investigação e desenvolvimento. Para isso é necessário, a promoção de uma política de envolvimento das empresas. Os objectivos são por um lado promover a sensibilização para uma real normalização tecnológica nos produtos e serviços, e por outro criar as condições para o desenvolvimento concertado de experiências inovadoras, de novas soluções e de valorização de resultados.
Até porque são alguns destes empresários, que apostam em jovens universitários para o quadro das suas empresas, apostando na investigação e desenvolvimento.
É claro que nem todas as empresas nasceram de inovações originárias da Universidade. Nem vieram os seus proprietários e executivos, exclusivamente dos quadros ou das salas de aulas de Universidades conceituadas, mas tem sido estes, ao longo dos tempos, quem mais tem apostado em inovação tecnológica.
Penso que a função da Universidade é criar uma atmosfera que facilite trocas intelectuais e informais entre as próprias empresas e instituições de pesquisas, o que é essencial para o desenvolvimento de inovações.

A nossa sociedade foi objecto de um intenso desenvolvimento político tendente a abrir todos os âmbitos da política pública e participação cidadã, enquanto a ciência e a tecnologia são percebidas como algo alheio e distante por alguns cidadãos – ainda que cada vez menos – bem como fazendo uso de um modelo empírico de organização baseado no ideal da autonomia corporativa. Mas dai a chamar-lhes “velhos do Restelo" permitam-me discordar!
Também é verdade que a universidade é um lugar onde se produz conhecimento. E conhecimento é a base para produtos e serviços inovadores. Por isso, nada melhor do que incentivar jovens universitários a transformar o seu talento em soluções para um mercado cada vez mais ávido por inovações tecnológicas.

É necessário reconhecer que o rápido desenvolvimento tecnológico e a globalização não foram totalmente favoráveis ao desenvolvimento das capacidades próprias dos países em desenvolvimento, como é o caso de alguns países Europeus.
Torna-se cada vez mais importante orientar os sistemas de ciência e tecnologia para as necessidades das populações, de forma que propicie um desenvolvimento social integral dos países em que também seja atendida a parte social sem valor de mercado; e abrir as políticas públicas sobre ciência e tecnologia às sensibilidades e opiniões dos cidadãos interessados, de forma que se facilite a viabilidade prática da inovação e se aprofunde a democratização dos sistemas.
E é por esse mesmo motivo que hoje se concretiza como inelutável a criação de pólos e Incubadoras de Empresas de base tecnológica. Como a existente no nosso Concelho. A Incubadora de Empresas dispõem de um fácil acesso ao sistema científico e tecnológico
e de um ambiente que proporciona o alargar de conhecimentos em matérias como
a Qualidade, gestão, marketing e o contacto com mercados nacionais e internacionais.

É preciso ter coragem para estabelecer prioridades, elaborar uma política industrial que decorra de uma política social, científica e tecnológica.
A ciência é a base da tecnologia, e esta é o instrumento que rege a produção de bens, que, por sua vez, gera riqueza ao país e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Carlos Monteiro

Anónimo disse...

Meus amigos, a fasquia está muito elevada para dar a minha humilde opinião.
Mesmo assim vou atrever-me!
Embora concorde com o Luís Pinho, sobre o mau aproveitamento de formação profissional, feito com dinheiros comunitários. Também é verdade que a qualificação profissional sempre foi importante para o progresso dos povos, hoje em dia, na sociedade do conhecimento, numa sociedade dominada pela informação e pelas tecnologias – novas e velhas – a capacitação das pessoas com saberes e aptidões profissionais é decisiva para a sua própria emancipação e empregabilidade e para a competitividade das economias.
Concordo em absoluto com os posts do Carlos Monteiro e do Amigo da Barrinha.