quinta-feira, março 08, 2007

Dia Internacional da Mulher


DIA INTERNACIONAL DA MULHER

“A 8 de Março de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas.
Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do solário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como “Dia Internacional da Mulher”. De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do Mundo.
Chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher”- e não só a elas - são mais que razões para que não se esqueça este dia. Elas merecem o reconhecimento de todos nós.
Pablo Neruda prestou sua homenagem com este poema:

MULHERES
Elas sorriem quando queres gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam “não” como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversário ou um novo casamento

Pablo Neruda

A história de uma luta, por esse Mundo:
1691 – Estados Unidos: As mulheres votam no Estado do Massachussets. Perdem este direito em 1789;
1788 – França: Condorcet, filósofo e homem político francês, reclama para as mulheres o direito à educação, à participação na vida política e ao acesso ao emprego;
1792 – Reino Unido: Mary Wollstpnecraft pioneira da acção feminista, publica uma vindicta das Mulheres;
1822 – PORTUGAL: Primeira Constituição Liberal. Tanto esta Constituição como as seguintes afirmam que a lei é igual para todos, sem referência especial às mulheres.
1840 – Estados Unidos: Lucrécia Mott lança as bases de Equal Rights Association pedindo a igualdade de direitos para as mulheres e negros;
1857 – Estados Unidos: Greve das operárias têxteis a 8 de Março – ver texto;
1859 – Rússia: Aparecimento de um movimento feminino em St. Petersburgo para a emancipação da mulher;
1862 – Suécia: As mulheres votam nas eleições municipais;
1865 – Alemanha: Louisse Otto funda a Associação Geral das Mulheres Alemãs;
1866 – Reino Unido: Criação da sociedade Nacional para o Sufrágio Feminino;
1869 – Estados Unidos: Nascimento da Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres. O estado de Wyoming concede o direito de voto às mulheres para atingir o número de eleitores necessários para entrar na União
1870 – França e Suécia: As mulheres têm acesso aos estudos médicos; Turquia: Inauguração de uma Escola Normal destinada a formar professoras para as escolas primárias e secundárias para raparigas;
1874 – Japão: Abertura da primeira Escola Normal para raparigas;
1878 – Rússia: Abertura da primeira Universidade feminina em St. Petersburgo;
1882 – Estados Unidos: Susan B.Anthony funda o Conselho Nacional de Mulheres, tendo como patrono Victor Hugo;
1893 – Nova Zelândia: Concedido o direito de voto às mulheres;
1901 – França: O deputado socialista René Viviani, sustenta pela primeira vez um debate sobre o direito de voto das mulheres;
1901 – França: O deputado socialista René Viviani, sustenta pela primeira vez um debate sobre o direito de voto das mulheres;


Em Portugal o reconhecimento do valor da mulher é, na prática, muito duvidoso, mercê de muitos preconceitos e narcisismos doentios.
Recordo que muito antes do 25 de Abril uma jornalista portuguesa inquiriu no Norte do País junto de muitas mulheres se eram vítimas de violência doméstica. A maior parte das respostas era um encolher de ombros e um lamento: Que havemos de fazer? Já o meu pai batia na minha mãe e o meu avô fazia o mesmo à minha avó.
Anos mais tarde e já depois do Dia da Liberdade de 1974 a mesma jornalista voltou ao Minho e Trás-os-Montes e o panorama não era muito diferente.
Um Mirense, hoje reformado, no exercício da sua profissão de polícia viveu uma situação caricata junto à Portagem, em Coimbra: Vendo que um homem batia desalmadamente numa mulher tentou acalmar os ânimos e separá-los. De repente a mulher virou-se para ele e questionou-o parenteticamente: “Mas que está a fazer? Ele é meu marido e pode fazer o que bem lhe apetecer”.
No passado dia 11 de Fevereiro vi, em Mira, algumas mulheres ficarem sossegadamente sentadas na viatura enquanto os maridos saiam para cumprir o seu dever cívico no referendo realizado nessa data.
Simplesmente elas não foram votar, quando o assunto era - ou deveria ser - muito pertinente para elas mesmo.
Em muitas localidades ainda é um tabu debater certos problemas.
Como se lida com alguns temas da sociedade? Quando não interessa certos senhores clamam por tabus e consciência individual para justificar “o nada fazer e o nada dizer”.
O comodismo voltou e o direito de cidadania é muitas vezes “vendido” em troca de muitas coisas. Desapareceu o argumento para regressar o PODER.

Infelizmente!

Criemos esta oportunidade para aqui e respeitosamente debater-se este assunto. Venha lá os comentários.

Carlos Mendes - Mira

7 comentários:

Anónimo disse...

Sempre desconfiei dos dias disto e daquilo porque, geralmente, isso quer dizer que só nesse dia é que se faz alguma coisa pela causa.
De qualquer modo, não quero ser desmancha prazeres e assim: QUE VIVAM AS MULHERES. Neste dia e em todos os outros.

Carlos Monteiro disse...

Esta é uma comemoração para celebrar os feitos sociais alcançados pela mulher, lutando por um mundo mais justo.
A tragédia do incêndio na fábrica Triangle shitwaist em Nova Iorque, que mataria 130 costureiras, que lutavam por uma redução de horários laborais e por uma remuneração mais justa, deu inicio a esta luta pelos mesmos direitos e as mesmas oportunidades, onde as sociedades possam ser mais justas e mais solidárias.
Ao falar dessa figura humana, a primeira imagem que me ocorre, é a mulher que me carregou durante os primeiros nove meses especiais da vida. Por isso não há homem por mais machista que seja, que não esteja ligado a uma mulher.
Fala-se no passado, da violência doméstica, da exploração e da exclusão social, mas a verdade é que ainda hoje as coisas não lhes são nada favoráveis. Apesar de alguns passos que já foram dados, é inegável que há muito a fazer neste capítulo, o caminho é ainda longo, até se atingir um cenário de verdadeira igualdade sexual.
Dizes no texto que no dia 11 de Fevereiro ficaste admirado de ver algumas mulheres a ficarem nos carros, enquanto os seus maridos iam votar. Depois de uma campanha no nosso concelho, com teses radicais e ortodoxas difundidas pela igreja católica e por meios a ela ligada directa ou indirectamente, é natural que essas mulheres se sentissem baralhadas e confusas. Mas foi uma óptima vitória para os direitos das mulheres.

Anónimo disse...

Não é um comentário.Um pergunta apenas? O que houve em Mira referente a este acontecimento? o que se fez? E tu Carlos Mendes Porque não organizastes qualquer coisa? Não perguntes o que a tua Terra faz por ti, mas sim o que fazes por ela.

Anónimo disse...

Começo a pensar que estes senhores se tentam notabilizar com textos dos outros.
Analisem o inicio do texto, mais um copy-past, só faltava não mencionar o autor do poema, (isso seria demais).
Já não nos bastava os senhores Carlos e João Pinho a faze-lo, veio agora também este senhor!

Anónimo disse...

Li o seu texto com atenção, e tenho a sensação de assistir ao estertor de uma engrenagem, em que muitos dos dentes das rodas dentadas se partiram... mói, mói, mói, mas não sai do mesmo sítio. (ressalvo o poema de Pablo Neruda).
Fala-nos do passado e do presente, tudo bem! Agora confundir as duas coisas é de uma grande desonestidade intelectual e até uma tremenda falta de senso.
Como diz o Carlos Monteiro, e bem, muita coisa neste campo já foi feita e muita haverá ainda a fazer.
Num dos exemplos que mencionou no texto, de violência sobre uma mulher por parte do marido, digo-lhe que esse tipo de violência no nosso país é crime. Se as mulheres não quiserem fazer uso desse instrumento que lhe faculta a lei. Que mais poderemos fazer?
As mulheres que ficaram nos carros e não foram votar, não estão a exercer o seu direito de cidadania? Se eventualmente o senhor não se identificasse com nenhuma das propostas do referendo, o que faria?
Se calhar votaria naquela que o seu partido lhe indicou!!!

Observador

Anónimo disse...

A VIOLENCIA É CRIME - mas continua a existir.

Crimes: Jovem espancada por namorado internada no Hospital Santa Maria
1 de Abril, 14:48

Lisboa, 01 Mar (Lusa) - Uma jovem de 21 anos está internada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, depois de ter sido espancada e sequestrada pelo namorado, disse hoje uma fonte da PSP.

Traumatismo no tórax, vários hematomas e escoriações por todo o corpo foram as consequências das agressões feitas pelo homem de 22 anos, ainda de acordo com a oficial de serviço na PSP de Lisboa.

O incidente ocorreu sábado, cerca das 11:30, numa habitação do Largo Conde Ortolini, em Benfica, onde a mulher foi mantida sequestrada até à chegada das autoridades.

Quando os elementos da PSP chegaram ao local, o agressor recusou abrir a porta, o que só viria a acontecer mais tarde, quando concluiu que não lhe restava outra alternativa.

A mulher foi transportada ao hospital, onde ainda permanece, mas livre de perigo, e o homem detido pela polícia, acrescentou a mesma responsável da PSP.

AMN.

Lusa/fim

Unknown disse...

Alguns dados apresentados estão factualmente incorrectos.

Cumprimentos