sábado, dezembro 23, 2006

Energias renováveis


As energias renováveis são provenientes de ciclos naturais de conversão da radiação solar, que é a fonte primária de quase toda energia disponível na terra. Por isso, são praticamente inesgotáveis e não alteram o balanço térmico do planeta. As formas ou manifestações mais conhecidas são: a energia solar, a energia eólica, a biomassa e a hidroenergia.
Actualmente a maior parte da energia utilizada pela humanidade provém de combustíveis fósseis – Petróleo e carvão mineral, entre outros. A vida moderna tem sido movida à custa de recursos esgotáveis que levaram milhões de anos para se formarem. O uso desses combustíveis em larga escala tem mudado substancialmente a composição da atmosfera e o balanço térmico do Planeta, provocando o aquecimento global, degelo nos pólos, chuvas ácidas e o envenenamento da atmosfera e de todo o meio ambiente. As previsões dos efeitos decorrentes para um futuro próximo, são catastróficas. Alternativas como a energia nuclear, que eram apontadas como a solução definitiva, já mostraram que só podem piorar a situação. Com certeza, ou procuramos soluções limpas e ambientalmente correctas ou seremos obrigados a ter de mudar os nossos hábitos e costumes de maneira traumática.

A utilização das energias renováveis em substituição de combustíveis fósseis é uma opção viável e vantajosa. Pois, para além de serem praticamente inesgotáveis, as energias renováveis podem apresentar um impacto ambiental muito baixo ou quase nulo, sem afectar o balanço térmico ou a composição atmosférica do planeta. Graças aos diversos tipos de manifestações, disponibilidade de larga abrangência geográfica e das variadas possibilidades de conversão, as energias renováveis são uma excelente alternativa aos combustíveis fósseis.
Acontece que o consumo de energia em Portugal – apesar das oscilações do PIB – tem mantido nos últimos anos um firme aumento médio de 5%, sendo que no primeiro semestre de 2006 foi registado um aumento de 6,3% no consumo.A este aumento nos consumos terá obviamente de corresponder um aumento da potência a instalar, também de renováveis, para garantir a percentagem a que estamos obrigados em 2010.Actualmente estima-se que num ano hidrológico médio, a percentagem de renováveis se situe nos 21% incluindo, claro está, a fonte hídrica, pelo que nos encontramos a 18% do objectivo para 2010.O sector das energias renováveis encontra, apesar de algum dinamismo demonstrado, vários obstáculos a uma maior afirmação, fundamentalmente de ordem burocrática, à qual não será estranha a alteração de paradigma energético beliscando fortemente os interesses dos combustíveis fósseis.
Há que voltar a apostar no espírito do programa E4, em dar uma oportunidade às regiões e às autarquias para, com o mercado eléctrico liberalizado, ficarem livres das teias da burocracia, podendo desenvolver os seus projectos e ligarem à rede de baixa ou média tensão as suas unidades produtoras de electricidade de origem renovável.Com esta importante questão resolvida com base no potencial eólico do país, hídrico e solar, conjugados nas centrais de bombeio e outros modernos sistemas de acumulação de energia, o país avançará de forma decisiva para a era da economia do hidrogénio.
Todos temos de apoiar as energias alternativas. Deste apoio depende a nossa independência energética, bem-estar ambiental e social. E que ninguém duvide: O que não pagarmos hoje por energias limpas, pagaremos amanhã por petróleo associado à dependência do fornecimento, ao ambiente poluído e às roturas de abastecimento que os senhores do crude decidirem.
Ao optar-mos por energias renováveis, certamente que diminuirão os custos e os impactos, dos quais o nosso país tem péssimos quadros. Infelizmente, Portugal não tem investido muito no desenvolvimento de tecnologias de aproveitamento dessas fontes. Fica a pergunta: Até quando seremos "um país de futuro" se não investirmos nele?
Carlos Monteiro

terça-feira, dezembro 19, 2006

Reigota abandona


"O presidente da Câmara de Mira, João Reigota, apresentou a demissão do cargo de presidente do Conselho de Administração da Associação da Incubadora do Beira Atlântico Parque (AIBAP). Amanhã, em assembleia geral, os sócios maioritários da AIBAP, a Câmara de Mira e a Associação Beira Atlântico Parque, que tem sede em Cantanhede, devem indicar um substituto. Há já dez dias que João Reigota escreveu ao presidente da Assembleia Geral pedindo a demissão do cargo que ocupava na Incubadora, que é o primeiro pólo do Beira Atlântico Parque, e onde já laboram empresas na área da biotecnologia, telecomunicações e segurança alimentar.
As razões, referiu ontem o autarca ao JN, serão explicadas apenas amanhã, no encontro com os restantes órgãos. Aquele que, ainda em Novembro passado, foi classificado como um projecto de interesse público para o concelho está sem líder, mas por pouco tempo, já que, segundo o administrador delegado, Vítor Cardial, "o lugar tem que ser preenchido imediatamente porque o Conselho de Administração é um órgão tripartido que toma as decisões estratégicas fundamentais". Assim, apesar do quotidiano da AIBAP não ter ainda sido afectado pela demissão de João Reigota, as linhas de orientação, como sejam as de lançamento de projectos ou aposta em determinada área, estão amputadas porque os outros dois membros do Conselho de Administração, Victor Cardial e António Santos, "não se sentem totalmente legitimados em assumir este tipo de decisões sozinhos", sublinha o administrador delegado. Sem comentar a decisão de Reigota, Cardial sublinha que espera continuar a contar com o apoio da Câmara de Mira.
A Incubadora de Mira, que funciona provisoriamente na antiga sede da Cooperativa Agrícola, deverá inaugurar as instalações em Fevereiro de 2007. O edifício é composto por uma área de três mil metros quadrados que se distribui por 30 espaços para empresas, salas de formação, serviços administrativos, restaurante e parque de negócios."
(T.Mota/JN)

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Pescanova e o Ambiente


Ambiente: Uma parte integrante da filosofia da Empresa Pescanova
Até meados do século passado, não se esperava das empresas mais do que cumprir com suas obrigações básicas: fabricar bons e confiáveis produtos a preços justos, pagar salários compatíveis aos seus funcionários e cumprir com as suas obrigações fiscais. As Empresas eram ilhas impessoais e estanques da sociedade. Felizmente hoje, as coisas mudaram muito. Agora, além de cumprirem com as suas obrigações, as Empresas estão a sair dos seus casulos, arregaçando as mangas colaborando para uma vida melhor de toda a sociedade. De facto, são pressionadas por uma nova visão do consumidor – exigente não só em relação à qualidade e ao preço do produto, mas também com a sua participação na sociedade e no meio ambiente – despertadas para a realidade do mundo que as cerca, as Empresas assumiram a sua parcela de responsabilidade para fazer a diferença no seu tempo e espaço. Foi o que se denominou de responsabilidade social. Que, em última análise, nada mais é do que não assistir impassível a uma avalanche de desafios. É não virar as costas para questões que ultrapassam os limites de uma cadeia de negócios, como as diferenças sociais, o respeito à diversidade e à preservação do meio ambiente
A preservação do meio ambiente requer mudanças de comportamento individuais e colectivas. Repensar e reconstruir as relações com a natureza são os grandes desafios que as pessoas e as empresas decidiram assumir. É impossível operar, hoje, uma empresa sem uma séria e visível preocupação ambiental.
Todos sabemos da grandeza do projecto que irá ser construído no nosso concelho, mas existem algumas dúvidas, por isso trouxe-vos aqui hoje, um recorte de uma entrevista, devidamente traduzida, de um director da Empresa Pescanova. Esta entrevista talvez venha dissipar algumas dúvidas que possam surgir sobre questões ambientais. Passo a citar:
Na Pescanova, a preservação do meio ambiente é uma filosofia presente em todas as unidades do Grupo e reflecte a sua preocupação com o bem-estar e a qualidade de vida dos colaboradores e consumidores. É prioridade número um no desenvolvimento de produtos, nas matérias-primas, produção, entrega e disposição dos nossos produtos.
A protecção ambiental é um dos princípios de nossa gestão. Temos a certeza que a adesão a práticas de protecção ambiental representam uma contribuição importante para a nossa empresa.
Os princípios a seguir aplicam-se a todos os colaboradores da Empresa. Esses princípios demonstram que assumimos a nossa responsabilidade na sociedade, fazendo a nossa parte ao preservar o bem-estar de todos, hoje e para as gerações futuras.
Em todas as instalações fabris temos um eficiente sistema de gestão ambiental, que está sujeito a medidas de melhoria contínua. Alinhamos as nossas instalações à tecnologia de ponta. Os nossos parceiros estão incluídos nas nossas metas ambientais.
Comprometemo-nos a seguir a legislação e especificações ambientais. Auditorias ambientais realizadas periodicamente avaliam as conformidades. As exigências internas superam e vão além das regulamentações dispostas nas legislações governamentais. Avaliamos regularmente os impactos que as nossas operações causam ao meio ambiente, bem como o sucesso do sistema de gestão ambiental.
Em todas as actividades, queremos prevenir impactos danosos ao meio ambiente através de planeamento adequado e antecipado. Usamos matéria-prima e energia alternativa com economia. Não poupamos esforços em gerar o mínimo de lixo possível. A reciclagem de lixo para fins benéficos é mais importante do que seu desaparecimento. Acções ambientais adequadas atendem à redução de consumo de água, ruído e outras emissões.
Fabricamos produtos ecologicamente correctos, considerando todo o ciclo de vida útil do produto – desde o seu desenvolvimento até à sua reciclagem ou até ao seu novo uso.
Informamos regularmente os nossos colaboradores sobre as questões ambientais e mantemos programas de formação para consciencializar e fomentar um comportamento responsável em relação ao meio ambiente.
Queremos proteger os nossos colaboradores contra os perigos da saúde e prevenir danos ao meio ambiente. Para tal, implementamos medidas abrangentes de prevenção de acidentes e limitação dos efeitos danosos ao meio ambiente.
Mantemos canais abertos de comunicação com os nossos clientes. Fornecemos informação sobre os efeitos ambientais em cada local onde laboramos. Autoridades e associações recebem a nossa total cooperação.
A Administração da Empresa e todos os colaboradores estão comprometidos com esta política ambiental.
Espero muito sinceramente que assim seja...desejando que tudo corra bem!
Carlos Monteiro

terça-feira, dezembro 12, 2006

Interesse Publico na Herdade Lago Real


O executivo da Câmara Municipal de Mira aprovou com o voto de abstenção de L.Mesquita, a proposta de interesse público para o empreendimento turistico Herdade do Lago Real.
Finalmente o empresário M.R.Frade vê o seu empreendimento situado na Lagoa de Mira em boas prespectivas no que diz respeito à sua abertura, visto ter pendente sobre si um constrangimanto legal que não lhe permitiu ainda funcionar.
A proposta que o executivo de João Reigota levou a reunião não mereceu total consenso, sofreu ainda algumas alterações por sugestão da oposição social democrata.
"Localizado entre Mira e a Praia de Mira, em Lagoa, próximo de outro complexo turístico do mesmo empresário, o empreendimento está construído numa área de cerca de 40 hectares, reunida por compra de cerca de 150 parcelas de terreno. Dirigida ao sector do chamado turismo de "charme", com construções rústicas de qualidade, incluindo restaurante, hospedaria, picadeiro e um campo relvado de futebol e balneários, para além de uma extensa área de lazer, com lagos e floresta, a herdade tinha pendente embargo municipal, que considerou ilegais as construções, no entendimento de que violariam o ordenamento do território e que os licenciamentos de algumas das construções sofriam de ilegalidade.
O empresário não estaria também disposto a fazer um plano de pormenor que deveria considerar as diversas construções num único licenciamento. As diversas autorizações de construção individualizadas e o facto das infra-estruturas estarem implantadas em parcelas diferentes sustentava essa posição.
Como "primeiro passo" para que a herdade possa ter enquadramento legal e funcionar, a Câmara votou, ontem, o interesse público municipal do empreendimento. Dos sete membros do órgão, registou-se apenas uma abstenção, de uma vereadora da minoria PSD e que exerceu no mandato anterior. L. Mesquita só não votou favoravelmente como os seus pares porque não estava expresso na proposta que se tratava de um "primeiro passo" para a legalização do empreendimento. O interesse público municipal terá ainda que ser votado na AM, possibilitando depois a legalização das construções e o respectivo licenciamento para funcionar. "
(in JN-adp.)

Triângulo Dourado : Politica, Futebol e betão

Em Coimbra, o Presidente da Académica/OAF, José Eduardo Simões, foi acusado pelo Ministério Público de corrupção passiva para acto ilícito, no âmbito de um processo em que também são arguidos dois empresários ligados ao sector da construção civil, estes suspeitos da prática de corrupção activa para acto ilícito.
No Porto Pinto da Costa e Valentim Loureiro, também a braços com questões judiciais, vêem agora o seu nome nas paginas do recente livro de Carolina Salgado (ex-namorada, companheira amiga ou amante de Pinto da Costa, conforme a posição do leitor) onde esta o acusa de ser o mandante de uma tareia de foi vitima um antigo vereador da Câmara de Gondomar (Dr.Bexiga). E as ligações perigosas entre o mundo da política e do futebol não param por aqui.
“A bem da credibilidade esperava que muito disto fosse investigado e tornado público, porque isto não é o fenómeno de futebol, é o principal vértice do triângulo sujo e corrupto que é composto pelos interesses de construção civil, o Futebol e a política. Como estão os processos de Isabel Damasceno ou Fátima Felgueiras? Sim que não é só Valentim Loureiro, há mais e se houver vontade muitos mais aparecerão. Lembram-se do caso do plano de pormenor das Antas e de Nuno Cardoso, o plano que depois foi abortado e censurado por Rui Rio, que preferiu favorecer com outro plano de pormenor na zona do estádio do Bessa o Boavista F.C. Muitos outros casos se poderiam relatar, como o de Fernando Barata em tempos presidente do S.C. Farense que ameaçou contar o que sabia de viagens a África de dirigentes políticos e desportivos se o seu projecto imobiliário/desportivo, fosse vetado. Certo é que o projecto foi vetado e a pessoa em questão bafejado com 3 empreendimentos que estavam pendentes e tudo se ficou por ali”, (já se esqueceram do famoso “toiro de cobrição”?)
Por todo o país, nos vários distritos e nos diversos concelhos que os compõem, as suspeitas, ainda que muitas vezes sob a forma de conversa de café, ou através do tão latino “diz que disse”, são mais que muitas de ligações menos correctas entre o desporto rei e a politica.
Pela nossa “bela localidade” as coisas nunca assumiram grande protagonismo, apesar de ser sabido que os clubes muitas vezes sobrevivem à custa deste ou de outro subsidio local ou estatal, e por vezes surjam alguns boatos menos abonatórios para os dirigentes desportivos locais (o que não sendo provado é manifestamente prejudicial quer para os visados, quer para os clubes) as ligações entre autarquia e associações desportivas nunca assumiram a dimensão de escândalo, tal como se tem vindo a observar em alguns clubes do norte do país, quem não se lembra do Marco de Canaveses e das manifestações histriónicas do seu caricato presidente (que por acaso também era presidente do clube desportivo local).
E é claro que quando surge alguma ligação de um clube a uma autarquia, logo surgem criticas desconfianças, basta dar uma vista de olhos pelos blogs locais e ver o que se tem dito sobre a ligação desta recente direcção do Ala-Arriba e o município de Mira, mas se fosse o Touring ou o Seixo, as “bocas maldizentes” surgiriam na mesma, as gentes dizem o que dizem não porque aqui em Mira se tenha feito algo de ilegal ou menos correcto (muito pelo contrário), as gentes falam porque é isso que ouvem diariamente na nossa bela comunicação social, que entupindo as artérias do pensamento dos cidadãos com Floribelas, Big Brothers e outros, vão fazendo esquecer os reais problemas do país (a educação, a saúde, a habitação e etc e tal). Pois não são os dirigentes os culpados, culpados são aqueles responsáveis que ano após ano têm deixado que isto suceda em total impunidade, culpados somos todos nós que ano após anos verificamos a vergonha da “futebolice” nacional e nada fazemos, quanto mais não seja mostrar mos a nossa indignação (o 25 de Abril serviu para algo mais do que a venda de cravos…). Critica se o futebol porque é fácil, diz se mal da Câmara porque dá jeito, mas assumir a opinião publicamente, isso já é outra história, não vá o diabo tecê-las, pois ainda posso precisar “deles” (esses que ninguém sabe quem são, mas todos se apressam a recorrer quando algo não corre como previsto)
Contudo, e apesar de serem recorrentes estas suspeitas, de ligações sujas entre estes dois mundos, poucos têm sido os realmente pagaram por essas ligações. Desde juízes que alegadamente acolhem em casa suspeitos, até fugas de informação dentro do próprio poder judicial, passando pelos dirigentes que ano após anos fazem as delicias dos amantes da imprensa sensacionalista, até aos juízes de campo que também não escapam ao “diz que disse”, todos continuam a dançar neste baile que parece não ter fim.
Alguém distribui migalhas, enquanto se entope que nem um alarve de grandes fatias do bolo. Já não se trata de só futebol, embora esteja envolvido, trata-se de um cancro que mina Portugal e que passa pelos dirigentes desportivos mas que não se esgota aí…

(João Luís Pinho)

sexta-feira, dezembro 08, 2006

um ano depois...

PARABENS MIRICES

o Mirices surgiu em Dezembro de 2005, no dia sete mais precisamente, um ano depois cá estamos... espero que bem
Aos que escreveram textos para este espaço um obrigado, ajudaram a fazer mais por nós, a todos os outros que comentando, criticando ou simplesmente manifestando a sua opinião, um bem haja pra todos.
Aceitamos a diferença, prezamos a verdade, aos que quizerem utilizar este espaço como meio de divulgaçao de ideias ou simplesmente como espaço publico de indignação ou regozijo, são bem vindos, o mail esta à disposição de todos...
Por cá continuaremos tentando mostrar mais do que alguns mostram, dizendo com palavras nossas o que por Mira nos vão dizendo, criticado por muitos adorado por outros, por cá estamos e estaremos...
A todos vós um enorme e sentido obrigado

terça-feira, dezembro 05, 2006

Confrades dos grelos em festa


Confrades dos grelos em festa
“Enquanto Confraria Gastronómica estamos vocacionados para comer…” Assim se apresenta a Confraria do Nabos, que no seu rol de propósitos, desde logo salienta a sua vocação gastronómica, não fosse ela uma confraria, para de seguida salientar que pretender promover o grelo, de nabo pois claro, e prestigiar a sua terra, os Carapelhos, Mira a Gândara, e também o nosso Portugal.
No passado sábado a C.N.C. (Confraria Nabos e Companhia) celebrou o seu V capítulo, juntando a mesa, pois claro, mais de 50 outras confrarias, provenientes não só de Portugal, mas também da vizinha Espanha, e de França.
Esta confraria, nascida em Janeiro de 2000, e que representa não só parte de uma classe de produtores agrícolas, mas também toda um população local que gosta de estar bem com os seus, e vê na mesa o local ideal para esta confraternização.
Como o seu logótipo (insígnia) o pode confirmar (Um barco funde-se com uma carroça encimada por um nabo. Símbolos de gente que, um pé na terra, outro no mar, labuta árdua e diariamente), ela, confraria, está entre a terra e mar, tal como esteve sempre habituado o habitante da gândara, pois foi com os rebentos da terra e com os filhos do mar que estas gentes se conseguiram aqui manter desde os tempos em que umas papas de farinha e abóbora, umas couves torcidas e um rabo de sardinha, eram manjar digno de reis, tal a penúria e as necessidades por que passaram estes povos.
Foi um dia de festa, com os confrades a servirem de cicerones, na sua sede, nos Carapelhos, aos colegas de cerca de 50 confrarias, que quiseram marcar presença nesta data especial para os nabos.
Depois da missa de bênção dos confrades, na igreja matriz de Mira, seguiu-se um desfile até ao quartel dos Bombeiros Voluntários, onde decorreu a cerimónia de entronização dos novos confrades, aqui Silvério Manata (membro da direcção da confraria) aproveitou para informar acerca da realização de mais uma Feira dos grelos da região da Gândara, já na sua III edição, a efectuar em Fevereiro de 2007.

“A associação CONFRARIA NABOS E COMPANHIA de Carapelhos é a única Confraria Gastronómica oriunda de uma aldeia.Para isso nasceu. Para autenticar a ruralidade, para homenagear e divulgar cada vez mais a genuinidade das suas gentes e dos seus grelos de nabo – alimento rico de aromas e sabores que, versátil, valoriza a gastronomia Gandaresa.E fá-lo desde o ano 2000.
Porém, esta terra, sendo mãe, (e é conhecida a nossa afeição à terra - mãe que nos embalou a infância) é simultaneamente madrasta porque, para além do berço modesto, com pouco mais nos mimou: herdámos-lhe um chão areento, quase estéril, que não enche cristãmente a boca a todos e obrigou a sangria grande de homens. Os que, mais apegados ao torrão natal, não ousaram tornar-se andarilhos entregaram-se a uma agricultura de subsistência cuja adiafa acontecia em Outubro. Mas incomodava-nos aquele sossego de Outono que se estendia até Janeiro. Dominando mal o impulso que nos impele a amanhar a terra para fecundá-la e garantir o sustento até ao ano novo, ensaiámos os grelos de nabo que, resistentes ao frio e apreciadores da humidade de Inverno, se adaptaram. O resto da história é conhecido.”
"o nabo foi um pretexto para valorizar o mundo rural, os seus costumes e tradições, uma memória que não pode ficar esquecida".De referir que a cultura de nabos e grelos constitui de 95 por cento da economia da região e emprega 60 por cento da população activa da aldeia de Carapelhos”

João Luís Pinho

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Espírito... natalício


O espírito Natalício
Gosto de fazer a árvore de Natal e montar o presépio, gosto da festa em família até percebo que o Natal tenha um encanto especial para as crianças, mas de ano para ano, com a fúria consumista cada vez mais exaltada, só me apetece ficar em casa.
A perene tarefa de ser pai: educar os filhos no espírito da quadra natalícia. Um dilema que me surge. Entre as minhas convicções pessoais, dominadas por uma inexplicável tristeza que me invade nesta quadra e o espírito familiar que me quer manter, aliado ao espírito tradicional do natal. No fio do arame, entre a desmistificação do natal como nos é vendido e a necessidade de sermos, pequenos elos, perpetuadores da tradição natalícia.
Depois, num esforço interior, tentar contar às crianças o que é o natal (modalidade pagã, apenas). Levá-las a acreditar no famigerado pai natal, essa pretensa invenção da Coca-Cola. O velho simpático, que mantém residência algures na distante Lapónia (não esquecer de apontar a dedo a localização no mapa), explicar porque traja de vermelho e enverga uma farfalhuda barba branca …ensinar-lhes que o pai natal viaja de trenó, movido a energia de rena milagrosa – umas renas que só existem perto do pólo norte, que se distinguem na fauna animal por serem os únicos quadrúpedes que conseguem voar sem terem asas. É preciso explicar-lhes o significado do dom da ubiquidade. Uma derivação metafísica impõe-se: fazer-lhes ver que as pessoas só podem estar num sítio de cada vez, que a nossa matéria não se pode pulverizar em múltiplas partículas para estarmos em muitos sítios ao mesmo tempo; o pai natal é diferente.
Por mais que vingue a convicção que o verdadeiro espírito natalício é o que cultiva sentimentos e não a posse de coisas, este exercício é remar contra uma maré poderosa. Um pai nada pode contra as ondas de markting consumista que incutem nas crianças a convicção de que natal é o momento em que são invadidas por prendas cada vez mais sofisticadas, (telemóveis 3G, psp, pda, consolas, mp3, mp4, portáteis...) uma enxurrada de novas tecnologias, para nos desequilibrar o orçamento familiar e deturpar o espírito de natal.
A partir dos feriados de Dezembro ir a um centro comercial torna-se mais violento e demorado do que qualquer etapa da história trágico-marítima; por maiores que sejam os parques de estacionamento, estão sempre a abarrotar. As escadas rolantes parecem escadas do metro em Tóquio e os corredores ficam iguais aos dos estádios de futebol em dias de finais. E depois, há o tema natalício, trabalhado e explorado até ao grau da loucura colectiva; são os enfeites de Natal, fitas, coroas, o Pai Natal electrónico que canta, ri e dança o vira, as flores, os arranjos, as luzes nas ruas, etc, etc. Nenhum pobre mortal consegue escapar à onda devastadora de consumismo que invade o país. Mas há coisas piores, como por exemplo as músicas de Natal. Uma pessoa chega a uma semana antes do Natal e os nervos já não aguentam as músicas natalícias, que ainda por cima são sempre as mesmas. Entre o Bing Crosby com o White Christmas e o coro de Santo Amaro de Oeiras, passando pela Mariah Carey e outros cromos, venha o diabo e escolha.
A hipocrisia que desdenha do natal consumista deve ser denunciada. Tenta educar as crianças no espírito descomprometido do natal, incutindo mais do que nunca, que os laços familiares se devem estreitar nesta data. Suprema hipocrisia! Como se isto apenas fosse emergente no natal e se pudesse esquecer durante os restantes dias do ano.