sexta-feira, dezembro 01, 2006

Espírito... natalício


O espírito Natalício
Gosto de fazer a árvore de Natal e montar o presépio, gosto da festa em família até percebo que o Natal tenha um encanto especial para as crianças, mas de ano para ano, com a fúria consumista cada vez mais exaltada, só me apetece ficar em casa.
A perene tarefa de ser pai: educar os filhos no espírito da quadra natalícia. Um dilema que me surge. Entre as minhas convicções pessoais, dominadas por uma inexplicável tristeza que me invade nesta quadra e o espírito familiar que me quer manter, aliado ao espírito tradicional do natal. No fio do arame, entre a desmistificação do natal como nos é vendido e a necessidade de sermos, pequenos elos, perpetuadores da tradição natalícia.
Depois, num esforço interior, tentar contar às crianças o que é o natal (modalidade pagã, apenas). Levá-las a acreditar no famigerado pai natal, essa pretensa invenção da Coca-Cola. O velho simpático, que mantém residência algures na distante Lapónia (não esquecer de apontar a dedo a localização no mapa), explicar porque traja de vermelho e enverga uma farfalhuda barba branca …ensinar-lhes que o pai natal viaja de trenó, movido a energia de rena milagrosa – umas renas que só existem perto do pólo norte, que se distinguem na fauna animal por serem os únicos quadrúpedes que conseguem voar sem terem asas. É preciso explicar-lhes o significado do dom da ubiquidade. Uma derivação metafísica impõe-se: fazer-lhes ver que as pessoas só podem estar num sítio de cada vez, que a nossa matéria não se pode pulverizar em múltiplas partículas para estarmos em muitos sítios ao mesmo tempo; o pai natal é diferente.
Por mais que vingue a convicção que o verdadeiro espírito natalício é o que cultiva sentimentos e não a posse de coisas, este exercício é remar contra uma maré poderosa. Um pai nada pode contra as ondas de markting consumista que incutem nas crianças a convicção de que natal é o momento em que são invadidas por prendas cada vez mais sofisticadas, (telemóveis 3G, psp, pda, consolas, mp3, mp4, portáteis...) uma enxurrada de novas tecnologias, para nos desequilibrar o orçamento familiar e deturpar o espírito de natal.
A partir dos feriados de Dezembro ir a um centro comercial torna-se mais violento e demorado do que qualquer etapa da história trágico-marítima; por maiores que sejam os parques de estacionamento, estão sempre a abarrotar. As escadas rolantes parecem escadas do metro em Tóquio e os corredores ficam iguais aos dos estádios de futebol em dias de finais. E depois, há o tema natalício, trabalhado e explorado até ao grau da loucura colectiva; são os enfeites de Natal, fitas, coroas, o Pai Natal electrónico que canta, ri e dança o vira, as flores, os arranjos, as luzes nas ruas, etc, etc. Nenhum pobre mortal consegue escapar à onda devastadora de consumismo que invade o país. Mas há coisas piores, como por exemplo as músicas de Natal. Uma pessoa chega a uma semana antes do Natal e os nervos já não aguentam as músicas natalícias, que ainda por cima são sempre as mesmas. Entre o Bing Crosby com o White Christmas e o coro de Santo Amaro de Oeiras, passando pela Mariah Carey e outros cromos, venha o diabo e escolha.
A hipocrisia que desdenha do natal consumista deve ser denunciada. Tenta educar as crianças no espírito descomprometido do natal, incutindo mais do que nunca, que os laços familiares se devem estreitar nesta data. Suprema hipocrisia! Como se isto apenas fosse emergente no natal e se pudesse esquecer durante os restantes dias do ano.

10 comentários:

Anónimo disse...

Viva espirito do Natal... seja bom

Anónimo disse...

Para todos um santo Natal e que os sagrados valores da família, da amizade, da solidariedade e do amor desinteressado, se sobreponham à orgia consumista e interesseira que infelizmente se tem tornado sinónimo desta quadra festiva.

Anónimo disse...

Ainda não me cheira a natal!!!
Apesar das lojas já andarem atrás do meu pilim.
Os putos já estão a escolher catálogos e eu armado em pai natal é que vou desembolsar… Não há direito.

Anónimo disse...

Todos os anos, os cristãos comemoram esse evento, mas de forma profana, idêntica aos aniversários comuns, de criaturas não espiritualizadas. Uma festa com bebidas alcoólicas, danças, comidas, presentes, árvores iluminadas e bolas coloridas. Uma comemoração toda exterior, que muitas vezes leva as criaturas a atitudes inconsequentes.
Além disso, temos o Pai Natal, (obra do consumismo) o pai que tem preferências e faz exclusões, que só presenteia filhos de pais ricos e só visita os lares onde predominam a riqueza e a opulência. Como sofrem as crianças pobres, nesse dia, por não serem presenteadas com aquilo que gostavam! E os meios de comunicação que só falam do Pai Natal, esquecendo totalmente o verdadeiro aniversariante.
Será que o aniversariante está satisfeito com esse tipo de comemorações, com essa festa de ostentação e vulgaridade? Certamente que não, pois foi o símbolo da simplicidade e da humildade, que não tinha uma pedra onde reclinar a cabeça. Nascendo em berço de palha. Na verdade, nós, que nos dizemos cristãos e que, passados dois mil anos, ainda não conseguimos assimilar as lições da vida. Acho que ele continua a dizer: “Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem”.

Anónimo disse...

Por que não acreditar no bom velhinho?
Tudo seria melhor se acreditássemos!
E se deixasse-mos de ser tão adultos e brincássemos como crianças...O bom velhinho é um mito que guardo com carinho.
Sempre sorrindo e dando presentes às crianças.
Sempre esteve presente e nunca deixou de ser quem é nem com as guerras, bombas e outras facetas dos adultos.
Que mal tem acreditar que alguém pode fazer algo por alguém sem esperar retorno...
Eu prefiro acreditar que o espírito de natal nunca morra e que enquanto houver uma criança à espera do bom velhinho, ai...o nosso mundo ainda terá esperanças.

Anónimo disse...

Existem Natais tristes para aqueles sem esperança e sem alento, para aqueles que falta o pão e a ternura, e para aqueles a quem a vida não presenteia, mas dificulta, como naquele conto de Christian Anderson quando uma menina, na noite de Natal, para se aquecer do frio, acendeu todos os fósforos que possuía.
Portanto, antes das festividades exteriores com bolas coloridas e fitas reluzentes, com notas musicais quase sempre ao som doce da Harpa, com a representação da ternura contagiante do velhinho de barbas brancas e cheio de presentes, devemos olhar dentro de nós mesmos e procurar o verdadeiro espírito e significado do Natal na procura de uma vida mais justa e um amanhã mais gratificante.
Vamos ajudar o Pai Natal que simboliza a bondade e que devemos trazer no coração durante todos os anos das nossas vidas, renovando sempre propósitos de amor como pingos de chuvas cristalinas numa noite iluminada de um Natal Alegre.
Feliz Natal para todos

Anónimo disse...

Querido Papai Noel
Eu poderia listar mais de um milhão de coisas que pedi e que você não deu, mas não quero mais encher seu saco. Na verdade, não quero nem mais falar com você. Mas só queria te lembrar que este ano, eu vou passar o Natal no Brasil em casa da minha amiga Nandinha, e lá a comemoração costuma demorar a madrugada inteirinha. Então fique esperto, pois quando você passar lá para deixar o presente daquela vagabunda, eu vou estar de tocaia e vou-te lixar seu velho avarento!

E tem outra coisa: Cansei de ser um bom garoto. A partir de agora vou tocar o terror! Não pense que eu vou dar uma de santinho só para ganhar presentes no Natal, pois não vou! Agora você despertou minha ira seu vacilão! Me aguarde, pois é bem possível que eu apareça por aí onde você mora e vou botar fogo nessa estúpida fábrica de brinquedos, que não serve para nada!

E para não dizer que eu não pedi nada, por favor, dê um jeito no meu modem, pois parece que o mesmo pifou! Que sacanagem...meu Deus!!!

Adeus Papai Noel, e me aguarde..."

Bom gente, mais um ano prestes a findar, e aqui estamos todos nós combinando como vamos fazer nossas festas, como vamos comemorar, com que roupa estaremos vestidos, e nos esquecemos que existem muitas pessoas que infelizmente não vão poder desfrutar de nada do que nós ainda podemos, portanto eu peço a todos que estiverem lendo essas linhas que neste ano (no próximo e no próximo...): Vamos tentar fazer algo para ajudar o próximo. Parece até hipocrisia da minha parte, estar falando disso justamente nesta época, mas não vejo ocasião melhor para despertar os nossos bons sentimentos. Vamos encarnar o "espírito do Natal" e vamos fazer algo, o mínimo que seja, para que num futuro possamos ter um mundo mais feliz.

Desejo a todos um bom Natal.

Esses são os votos do Paulo (Praia de Mira)

Anónimo disse...

É espantoso verificar a maneira como este blog mudou! (no bom sentido...claro!)
Começou a aparecer gente a escrever muito bem, sobre várias matérias e a tornar o blog mais interessante. Estou convencido de que não se trata só do espírito natalício.
Continuem por favor!

Anónimo disse...

O Pai Natal, esse velhinho de ar bonacheirão que a Coca-Cola soube melhor que ninguém utilizar na promoção dos seus refrigerantes, e que nós vamos por sua vez receber de braços abertos, em todas as quadras natalicias, ano após ano. Lembro me que quando era menino os presentes eram da parte do menino Jesus (era esse cujo aniversario comemorava mos, que nos trazia os presentes), não como hoje, em que a magia da surpresa se limita às escolhas que qualquer canal de televisão ou Hipermercado, nos consigue promover e cujo forte apelo a consumir geralmente cedemos.

É muito dificil resistir a toda esta maquina de propaganda bem sei, mas se tentar mos tambem nao perdemos nada...

Por exemplo aqui nos paises baixos a figura do pai Natal no dia 25 de dezembro nao existe, existe sim o SINT e os Piet (ver. vg. www.Socasdaholanda.blogspot.com) este bispo de origem Turca é quem por aqui vai distribuindo os presentes, não tem renas, tem como acompanhantes os ZWART PIET (ou os Piets Pretos) ajudantes do SINT, o que mais estranhei nesta nova versão do Pai Natal ou Santa Klauss ou SINT o q lhe queiram chamar, é que este nao vem da Laponia ou qualquer outro destino frio e com neve, não enganem se, o SINTClass dos Países Baixos vem de Espanha, de Barco, e comemora-se a 5 de Dezembro...

Outros lugares, outras tradições... quase o mesmo consumismo, mas só quase.

Anónimo disse...

Não há uma frase feita que diz que o Natal é sempre que um homem quiser? E que tal sermos mais conciliadores durante o ano inteiro em vez de esperar por um dia do ano para nos pormos de bem com o mundo?