sexta-feira, maio 04, 2007

Reflexão

Reflexão
A nossa qualidade de vida está directamente ligada ao meio ambiente. Quanto mais investirmos na sua conservação, mais estaremos a investir em nós mesmos e no futuro dos nossos filhos.
A preocupação pelo meio ambiente, tem mostrado um avanço indiscutível. Não vamos aqui questionar se esse avanço é um resultado dos próprios interesses, ou se é um resultado de um maior grau de consciência da população. É possível que estes elementos tenham parte nessa responsabilidade.
Apesar desse avanço existente, vejam o estado em que se encontram os nossos recursos hídricos, as nossas matas e o ar que respiramos. Gostaríamos que aqueles que viveram neste planeta, antes de nós, tivessem deixado quantidades imensas de lixo, que contaminassem os recursos naturais e a biodiversidade da mesma forma que o fazemos? Claro que não! Então com que direito temos de agir assim? Será que poderemos olhar para os olhos de uma criança e justificar o que fizemos e continuamos a fazer todos os dias? De que estamos à espera? Onde está a nossa coragem política? Onde estão os líderes com a firmeza necessária para pedir a todos que façam um pequeno esforço, a fim de garantir o futuro dos nossos filhos e da nossa dignidade? Cada dia que adiamos a realização desse esforço, aumentam os riscos futuros. Não há desculpa para esperarmos. Temos o privilégio de viver no momento mais empolgante da história da humanidade. Pessimismo e inércia constituem uma traição imoral, pela qual as gerações futuras não nos perdoarão.
Severn Cullis, de 12 anos, falou assim quando se dirigiu a um auditório de políticos no Reino Unido.
“Vocês ensinam-nos na escola a não sermos violentos, a resolvermos as coisas com dialogo, a respeitarmos os outros, a arrumarmos o lixo que fazemos nos locais próprios, a não fazer mal a outras criaturas, a dividirmos o que temos e a não sermos gananciosos. Então, porque razão fazem as coisas, que dizem que não devemos fazer?”
Mafalda, de 10 anos, da Escola Primária Eb1 da Praia de Mira, escrevia assim no Jornal da Escola:
A Barrinha é uma das coisas mais queridas da nossa terra. Antigamente a sua água era tão limpinha que dava gosto olhar para ela. As crianças e os adultos, lá nadavam, brincavam, pescavam, as mulheres lavavam roupa, e no verão, as pessoas depois de virem da praia, lá iam retirar o sal do seu corpo.
Pois era assim a nossa Barrinha. Agora com os adubos e químicos da agricultura, com o lixo que para lá atiram...temos uma Barrinha toda poluída.
A Barrinha é a riqueza da Praia! Por isso vamos limpá-la, vamos dar-lhe vida.
Acredito que cada um destes jovens à sua maneira, está a contribuir de maneira significativa para uma profunda reflexão da nossa forma de pensar e agir. A simples disponibilidade de não se conformarem com aquilo que vêm, já sinaliza que há expectativas positivas.
Como defensor do ambiente, estes jovens são para mim, uma fonte de inspiração e de optimismo, por mais dura que a vida nos possa parecer.
Carlos Monteiro

9 comentários:

Anónimo disse...

Bonito texto...sem duvida!
Vejamos por exemplo o que se passa no nosso concelho: as nossas matas estão cada vez mais degradadas; os cursos de água contaminados; o lixo amontoado; o ar que respiramos já não é o mesmo. Isto tudo perante a inércia dos nossos autarcas.
Perante esta situação, é natural que os jovens sintam o seu futuro comprometido.

Ana

Anónimo disse...

Hoje possuímos recursos jamais imaginados no passado. Se levarmos em consideração os avanços nos últimos anos com relação à comunicação então, não há o que se contestar. No entanto, mesmo com todo este conhecimento é extremamente importante salientar, que tudo que desenvolvemos é extraído da natureza. E o pior, se não bastasse o desmazelo total na extração de matérias primas necessárias a este desenvolvimento, hoje temos um emaranhado de coisas “descartáveis” que contribuem para degradar em níveis absurdos o nosso meio ambiente. Sinto a natureza como que a dizer aos governantes, autarcas e burocratas: deixem-me em paz, não brinquem comigo.

Quase sempre fico pasmado com a hipocrisia das pessoas. E o pior ! Pessoas que estão ligadas à área da ciência. Pessoas que adoram falar de ambiente, sobre poluição e diversos tipos de degradação, mas na hora de refletir sobre os próprios actos, continuam a agir da mesma forma inconsequente. É triste …bom, eu fico por aqui a tentar fazer ao menos minha parte. Não é muito, mas estou de consciência tranquila.

Anónimo disse...

Fico muito feliz que as pessoas coloquem as suas mensagens sobre o meio ambiente numa garrafa virtual para que ela navegue na web, e cheguem onde tem que chegar.
Mas ao mesmo tempo, não se esqueçam de procurar práticas adequadas a essas reflexões.

Anónimo disse...

Estes tipos do ambiente são uns chatos...não nos deixam fazer nada...estão contra tudo o que se tenta fazer...afinal de contas não querem o nosso bem-estar. “Só mesmo à pedrada” como dizia o líder e representante dos autarcas nacionais. Esta é a maneira que muita gente olha para todas as pessoas que tentam evitar o evitável.
No entanto fico satisfeito que alguns jovens tenham outro tipo de postura. É sinal de que nem tudo está perdido.

Anónimo disse...

Realmente o nosso Concelho está uma desgraça.
Falta de limpeza; falta de uma politica que acabe com este flagelo, que é a preservação dos bens naturais. Será que nem o apelo de uma criança os fará demover?
Infelizmente, a grande maioria dos líderes políticos de hoje começam como servidores de causas, mas tentam terminar como celebridades. Eles tornam-se viciados em atenção, sem tomarem consciência de que estar sempre sob os holofotes, acaba por deixar a pessoa cega.

Raquel (Praia de Mira)

Anónimo disse...

Caros amigos,
Isto anda tudo em águas mornas. Muita diplomacia, elegância, cortesia, muitos salamaleques, parece que não se passa nada...tudo gente muito bem-educada. Arre!
Não é assim? Parece que estamos todos satisfeitos com a vida. De vez em quando resmungamos, protestamos e esquecemos. Dizemos que isto não vai lá, eles dominam tudo, não há nada a fazer e adormecemos, embalados.
Há alturas que é preciso, falar curto e grosso! Não é isso que dá razão a alguém. Não sou um adepto da guerrilha, como táctica, sou pelo diálogo, pela concertação, pela troca de argumentos, mas gosto de dar o meu murro na mesa, quando necessário, quando tem de ser, nos momentos certos. Será que ninguém vê o que se está a passar na Praia de Mira?
Estamos a iniciar a época balnear e o que se vê é isto:
Logo na entrada da Praia, a vergonhosa obra inacabada pelo outro executivo, continua por acabar. O que dirão as pessoas que nos visitam todos os anos?
Passadeiras para piões que não se vêem, passeios com calçadas degradadas.
Esgoto a correr a céu aberto para uma vala no bairro norte.
Da barrinha nem quero falar...promessas e mais promessas.
Lixeira junto ao Parque de Campismo.
Ruínas de casas e palheiros à beira-mar.
Pista ciclo-pedonal degradada e com falta de limpeza. Postes eléctricos derrubados e outros destruídos.
Parques de merendas e laser completamente degradados.
Deixo no ar uma pergunta. Será que nos estamos a candidatar a perder a Bandeira Azul?
Se anteriormente foi por um triz. Será que agora é desta?

Anónimo disse...

Sim bonito texto de facto...
Contudo e como vem sendo habito muito se fala mas pouco se faz. Textos e mais textos mas meter as maos a obra é que nada.
Já alguem viu estes senhores numa das actividades de limpeza que se tem feito pela Praia? Pois não nunca la poem os pés.
È muito bonito ver aqui os textos do Monteiro, do Luis Pinho e de outros socialistas, mas velos a trabalhar é que nada.
Falavam tanto no tempo do Dr.Maduro, agora ninguem os ouve.

Anónimo disse...

Quando um alguem tenta algo fazer, depressa tres ou quatro surgem para "desfazer.
Este poderia ser um slogan adaptado a alguns mirenses. Pois, como podem os leitores deste espaço constatar, sempre que surge uma ideia, um projecto, o que quer que seja de inovador ou salutar para um correcto desenvolvimento desta região, logo se apressam os "velhos do restelo", os "futricas" e os mal dizentes a exporem o seu rol de criticas e queixinhas. Não interessa se partilham ou nao da ideia que outros apresentam, interessa lhes sim atacar desde logo o mensageiro, pois como é dificil atacar as ideias por eles apresentadas (exige por vezes algum esforço intelectual que muitos dos criticos não estão dispostos a fazer) é na imagem do mensageiro que depositam os seus ataques.
Contudo, e como é de ambiente e de Mira que no texto se fala, permitam me algumas considerações depois deste breve desabafo.
1º é do conhecimento geral da população (não me refiro aqui só a Mira, mas a todo o pais) que o estado dos nossos recursos naturais não é o melhor. Mas tambem é certo que ja se verifica um maior interesse por esta temática, o que é de enaltecer (Roma e Pavia nao se fizeram num dia...)
2º Ja se verifica algum desejo de pertença a um mundo ambientalmente correcto, (ainda que embrionário)
3º A classe dirigente tem demonstrado nos seus manifestos eleitorais programas de combate à poluição e desenvolvimento sustentável (ainda que tenha que reconhecer que por vezes não passam disso mesmo... não é Carlos Monteiro?) Mas tb é certo que muitos dos eleitores votam às cegas não lendo sequer os programas dos seus escolhidos, não podendo posteriormente fazer uma analise correcta entre o propagandeado e o realmente efectuado,(o que é pena, mas creio que isto ainda muda, salvar se ão pelo menos estes jovens ou futuros adultos...)
E para terminar deixo no ar uma questão: Se somos nós os principais interessados nesta temática ambiental, quantos de nós de facto temos feito algo por um desenvolvimento ambientalmente sustentado?
Talvez poucos de nós... não sei, o que sei é que este ultimo senhor CMP deve andar a dormir, ou então finge que não vê.
Ser cego não é mesmo que não querer ver.

João Luís Pinho

Carlos Monteiro disse...

Há dias num warkshop ouvi um orador conceituado lamentando-se num momento de muito pessimismo, perante a gravidade dos problemas ambientais. Afirmava que a luta ambiental estava perdida e que o planeta iria mesmo acabar, incapaz de sustentar a vida, sufocado em tanta poluição e degradação ambiental.
Neste caso, pensei eu, prefiro morrer a lutar.
Em contacto com centenas de associações ambientais ao longo do país, fui conhecendo imensas pessoas que não estando todos os dias envolvidas em campanhas de limpeza, nem por isso deixam de lutar pelos direitos de toda a sociedade ou da sua comunidade.
Por outro lado, é importante não ficarmos à espera da perfeição individual – pois isso é inatingível. O facto de adquirirmos consciência ambiental, não nos faz perfeitos nem mais democráticos. O importante é que tenhamos o compromisso de sermos melhores todos os dias, a luta por um meio ambiente melhor é uma luta também pela cidadania, e isso não é uma tarefa de um ou dois anos, mas um processo para toda a vida.
No entanto, também é preciso dar o exemplo pois não adianta falar uma coisa e praticar outra. A comunicação torna-se vazia quando as palavras não são coerentes com a prática, mas quem quer falar bem precisa antes de tudo saber escutar bem, aprender a ouvir os outros. Ninguém é dono da verdade, precisamos uns dos outros para construirmos a nossa verdade e isso só se consegue através do diálogo. Só assim podemos contribuir para a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida.
Por isso, caro Senhor CMP, pela minha parte, estou de consciência tranquila.