quinta-feira, julho 26, 2007

Edil Cantanhede preocupado com Pescanova em Mira


Secretário de Estado Adjunto e da Administração Local viu ontem com os seus próprios olhos a realidade do concelho de Cantanhede. Elogiou e enalteceu a dinâmica empreendedora do município, mas fez orelhas moucas a uma questão ambiental levantada por João Pais de Moura.

Eduardo Cabrita não teve dúvidas em reconhecer que Cantanhede «é uma terra conhecida pela sua capacidade empreendedora»; que é hoje «uma marca cada vez mais distintiva de desenvolvimento»; que é «um bom exemplo de capacidade na gestão de recursos e financeiros», e até prometeu apoiar a Câmara, mas não disse uma única palavra sobre uma questão ambiental levantada por João pais de Moura no seu discurso.O autarca referiu a notoriedade das políticas activas que o município tem vindo a desenvolver com acções direccionadas «para a crescente qualificação da rede de equipamentos colectivos», sublinhando que a estratégia passa por mecanismos de salvaguarda da qualidade ambiental.«Condição absolutamente necessária ao modelo de desenvolvimento sustentável que estamos a implementar», atirou Pais de Moura.


João Moura mostrou algumas preocupações e salientou que não pretende “o desenvolvimento a qualquer preço”. E se em Cantanhede as regras se cumprem, não é possível ficar indiferente “quando se é confrontado com qualquer possibilidade do nosso território, dos nossos recursos naturais mais valiosos, poderem vir a ser eventualmente afectados com impactos negativos decorrentes da instalação de explorações industriais em autarquias vizinhas”. Numa alusão à unidade de aquacultura da Pescanova que vai ser instalada em Mira, o edil de Cantanhede mostrou inquietação por desconhecer “em absoluto os estudos de impacto ambiental da exploração de aquacultura que vai ser instalada na orla costeira a sul da Praia de Mira”, numa área extensa localizada no limite norte do concelho de Cantanhede. Embora reconhecendo a “importância económica” do projecto, João Pais de Moura disse que “o mínimo que se exigia “é que os ministérios envolvidos no processo tivessem apresentado a Cantanhede os estudos de impacto ambiental realizados”.


Esta exploração vai ocupar a impressionante área de 200 hectares, numa zona de confluência com a Praia do Palheirão, Praia Dourada localizada no limite Norte do concelho e muito próxima da Praia da Tocha, também deste concelho», referiu o edil, manifestando alguma preocupação.

Claro que o anfitrião sublinhou a importância económica daquele investimento para o concelho de Mira e para a região, mas não deixou de lembrar quea proximidade da exploração de aquacultura da orla costeira do concelho de Cantanhede – e tendo em conta a direcção das correntes -, «é de supor que, se vierem a ocorrer impactos ambientais nefastos, eles venham a incidir também nas nossas praias».Por isso, Pais de Moura frisou que o mínimo que se exigiria era que «os Ministérios envolvidos neste processo tivessem apresentado ao município de Cantanhede os estudos de impacte ambiental realizados». Não só porque tem o direito «de conhecer o teor desses documentos», como tem o dever de accionar todos os mecanismos ao seu alcance para impedir que ele [património natural] venha a ser de algum modo afectado… «E é isso que fará na defesa intransigente dos interesses do concelho», garantiu.


DC/Beiras,07

5 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem
E bom ver os autarcas na defesa das suas camaras e freguesias...

Parabens ao sr. Moura

Carlos Monteiro disse...

Não há nada tão equitativamente distribuído no mundo como a inteligência: todos estão convencidos de que têm o suficiente.
O Sr. autarca João Moura, acha que o EIA deveria ser entregue ao município de Cantanhede para discussão. O Sr. João Moura não sabe o que é a discussão publica!...nesta discussão tem tanto valor a opinião de um deputado de Mira ou Cantanhede, como tem a de um cidadão do Casal Ventoso. Ou este Senhor está convencido que a palavra de um político vale mais do que a de qualquer outro cidadão? É o normal neste país...infelizmente.
Será que quando foi feito o EIA para a unidade de aquicultura na Tocha, ou para a praia fluvial, os enviaram para o município de Mira para discussão?
Tinha prometido não falar mais sobre este assunto, mas é claro que não deixarei passar em branco contradições, faltas de rigor e faltas de seriedade.
Dizer mal só por dizer mal é fácil e o contrário disso também. E nós estamos cheios desses vícios.
Portanto, continuarei como sempre, interveniente e atento.

Anónimo disse...

De facto há por aqui umas incoerências que não consigo perceber Sr. Moura!..
Esta notícia é um exemplo patético de falta de decoro e sentido de oportunidade. Há pessoas que eu não consigo levar a sério.
Não confundo discordância com falta de respeito; eu posso discordar de uma opinião, mas vou respeitá-la enquanto não tiver argumentos para a contrariar.
A apresentação pública do EIA foi anunciada no Diário de Coimbra, todos os Autarcas de Mira e Cantanhede recebem o Jornal gratuitamente. Por isso não nos venha com desculpas esfarrapadas...Quem é o Senhor para ter mais privilégios que outros cidadãos.

Anónimo disse...

Finalmente existe alguém com preocupações ambientais ! PARABÉNS

Anónimo disse...

Só lamento que, no futuro, as praias do Palheirão e da Tocha é que vão levar com a dose de antibióticos descarregada pelo emissor