segunda-feira, novembro 20, 2006

Míscaros na Mira ou míscaros de Mira

Num recente artigo que encontrei na imprensa diaria, surgia uma noticia em que a vizinha Cantanhede se afirmava como região afamada na gastronomia do míscaro, tal como a Bairrada o é pelo leitão assado. O que nos faz mais uma vez pensar, então e Mira, onde fica? Visto que pela capital do distrito já se encontram à venda os conhecidos "Miscaros de Mira".
Num artigo afirmava se que "No município de Cantanhede e entidades públicas ligadas à agricultura e florestas associaram-se a um grupo de investigadores do Departamento de Botânica da Universidade de Coimbra (UC), com a intenção de melhor conhecer e valorizar essa iguaria silvestre que, pelo Outono, brota nos solos arenosos dos pinhais da gândara. Dos resultados prevê-se uma aplicação prática, que permita potenciar essa riqueza, quer em termos gastronómicos, quer no agro-turismo, e ajude, um dia, a alcançar o estatuto de produto regional certificado. Pouco se conhece da biologia deste cogumelo e nessa curiosidade se motivaram os cientistas da UC, também estimulados pela importância e impacto que os seus resultados poderiam ter na economia das populações rurais daquela zona. Num primeiro projecto, financiado pelo programa AGROS, juntaram-se investigadores universitários ao Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Centro (IDARC) e à Direcção Regional da Agricultura da Beira Litoral (DRABL). No decurso da investigação, iniciada no Outono de 2004, para decorrer durante três anos, pretende-se realizar um inventário das áreas mais produtivas, fazer estimativas de produção anual e testar processos de colheita. No segundo projecto, igualmente com a duração de três anos, mas financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, a investigação incidirá na biologia e ecologia do míscaro, saberes considerados indispensáveis para a gestão sustentável deste recurso. A segunda investigação, que se interliga com a primeira, e que deverá prosseguir em anos subsequentes, terá início antes da colheita do próximo Outono. "
O míscaro é um fungo, um organismo micorrízico. Vive em simbiose com certas plantas, neste caso com o pinheiro bravo, e através das raízes deste faz a troca de nutrientes, necessários ao desenvolvimento de ambos."Os cogumelos são a estrutura reprodutora. Quando são apanhados muito jovens, e fechadinhos, que é quando têm maior valor comercial, estamos, desse modo, a fazer a dizimação dos esporos".
No nosso concelho, sabemos que a madeira continua a ser o principal rendimento da floresta, mas a gestão sustentável do míscaro poderá revelar-se como importante fonte de receita para as populações da região e levar os proprietários florestais a um olhar mais atento sobre as matas, evitando desta forma também riscos de incendio (sustentabilidade pois então).
É necessario certamente que se inicie todo um processo de informação e sensibilização das populações locais, iniciando se pela difusão de bons métodos de colheita, formação das pessoas e a criação de um cartão de colector. Tudo isto poderão ser iniciativas municipais e possibilidades que a Câmara Municipal tem a obrigação de equacionar, pois caso contrário é um grande patrimonio biologico e economico que estamos mais uma vez a deixar lapidar por outros, à semelhança de outros produtos, cuja vocação estratégica como mais valia para a economia local, andamos a deixar de lado, esquecida, até que outros a venham aproveitar.
Poder se ia iniciar por um cartão de colector e pela promoçao acções de formação e sensibilização, também para "motivar os proprietários dos pinhais a proteger o que é seu, ao perceberem que o produto é valorizável". O míscaro (Tricholoma flavovirens) há muitos anos faz parte da gastronomia da zona das Gândaras. Nos mercados, o quilo deste produto oscila entre os cinco e os oito euros, e cada vez mais os concelhos da Gandara, e os seus pinhais são procurados por forasteiros no Outono.
Difundir as boas práticas, criar um regulamento e instituir um cartão de colector, em articulação com a fiscalização municipal, seriam varias das opçoes possiveis para proteger os interesses dos cidadãos do município, para que colham os benefícios de um produto da sua região. Se não houver cartão e regulamento vai-se delapidando um património", pela colheita desregrada e por um número cada vez maior de pessoas, seduzidos pela iguaria, ou em busca de uns recursos suplementares.
João Luís Pinho
(adp.)

3 comentários:

Carlos Monteiro disse...

Os míscaros são os corpos frutíferos do fungo Tricholoma flavovirens, que estabelece ectomicorrizas com diversas árvores, nomeadamente o pinheiro bravo.
Com as primeiras chuvas de Outono, surgem aos milhares…mas quando se fala de míscaros o entusiasmo pode ser má companhia.
Não se devem apanhar míscaros logo depois das primeiras chuvas por serem susceptíveis de transportar produtos tóxicos provenientes da agricultura ou de outras fontes de poluição.
Só um conhecimento rigoroso e critérios de identificação muito objectivos nos poderão permitir conhecer algumas das muitas dezenas de espécies que habitam nas nossas florestas.
Se umas podem ser consumidas e apreciadas, outras devem ser rejeitadas, sem que isso signifique a sua destruição. Cada espécie desempenha um papel específico e fundamental no conjunto do sistema natural e é parte integrante do ciclo da vida.
As entidades envolvidas deverão ser responsáveis por acções para demonstração de boas práticas de colheita sustentável. Pretende-se que os resultados possam constituir as bases para uma proposta de regulamentação da colheita de míscaros na nossa região.

Anónimo disse...

Muito bem Sr. Pinho por lembrar a sua malta da CMM que podem fazer algo por esta terra.
Tal como neste tema que ca apresentou tambem outros podem surgir para dar um contributo ao nosso concelho, que bem precisa...
Pena é mesmo ver nos ultimos dias em que ouve miscaros por Mira (porque agora certamente a maior parte ja foi, sendo depois vendida bem cara por fora da terra) as matas cheias de carros e pessoas por todo o lado (porque nao levam so os miscaros, tambem deixam muita m... as autoridades deviam fazer algo)
E nao falo so da CMM, e do que neste texto o Sr.Pinho propoe, falo tambem da GNR, dos Sepnas etc, que se virem um carrinho com meia duzia de trancas, ou alguem a pescar logo se apresam a mandar parar e fiscalizar, porque nao sao eles tambem a dar alguma formaçao a esses que veem de fora apanhar os nossos miscaros e que à nossa terra nada trazem de bom.

Parabens ao Ze Barnabe por este Blog esta bom e recomenda se

Anónimo disse...

A MATA DE MIRA ESTA AO ABANDONO HA ANOS
VEM AGORA FALAR EM SUSTENTAÇAO E NAO SEI O QUE MAIS QUANDO DEVIAM ERAM LIMPAR O LIXO QUE POR AI HA EM MUITOS LOCAIS
NAO ESTOU A DIZER DA IDEIA DO PINHO MAS QUALQUER DIA JA NAO VAI HAVAR NADA PRA SALVAGUARDAR
DEIXEM VIR OS ESPANHOIES E JUNTEM SE A CANTANHEDE