segunda-feira, setembro 17, 2007

Eutrofizaçao Barrinha e Lagoa

Continua o processo acelerado de eutrofização na Barrinha e na Lagoa
O termo "eutrofização" designa o processo de degradação que sofrem os lagos e outros corpos de água quando excessivamente enriquecidos de nutrientes, que limitam a actividade biológica.
Dada a grande concentração de nutrientes, especialmente azoto e fósforo, frequentemente arrastados para o nosso sistema hídrico, pelas águas carregadas de fertilizantes químicos, as algas multiplicam-se com uma rapidez extraordinária, formando uma espessa cortina verde à superfície da água, a qual impede a penetração da luz até às zonas profundas. Como consequência, as colónias de algas que se encontram a maior profundidade deixam de receber luz, pelo que, impossibilitadas de realizar a fotossíntese, acabam por morrer e entrar em decomposição. As algas das camadas superiores continuam a receber luz e a produzir oxigénio, mas a maior parte deste gás perde-se para a atmosfera. Nas circunstâncias atrás referidas, os lagos e lagoas entram em anóxia (falta de oxigénio na água).
“A anóxia é um dos problemas resultantes da eutrofização. Mas esta é agravada por outros factores. As algas em decomposição libertam gases, nomeadamente metano (muito tóxico), criando condições para o aparecimento de algas "malignas", como é o caso das mais conhecidas por algas azuis. (Naturlink)”. Também o arrastamento de detritos físicos para as suas margens, pedras, dejectos, areia e outros, faz diminuir o volume de água. E com menos água, aumenta a concentração do "caldo de nutriente", acelerando a eutrofização, que tende a transformar os lagos e lagoas em autênticos pântanos.
A concentração de coliformes na água e o processo de eutrofização. constitui uma ameaça à saúde pública.
Confesso que fico espantado com a autarquia, por não colocar uma só placa de proibição de banhos na Barrinha.
Principais doenças relacionadas com a eutrofização da água:
• Escabiose (doença parasitária cutânea conhecida como Sarna) • Tracoma (mais frequente nas zonas rurais) • Esquistossomose (doença conhecida por barriga de água)
A Barrinha e a Lagoa, são uma excelente massa de água com um potencial estético e recreativo muito elevado e que presentemente ainda tem em parte algum fundo arenoso, está pois em risco de se tornar, a curto prazo, num lamaçal coberto de águas eutrofizadas.
A eutrofização é um dos flagrantes exemplos da degradação qualitativa das nossas águas superficiais. As pessoas que visitam nosso Concelho, verificam que as nossas aguas superficiais cada vez estão piores. É verdade que as populações estão mais sensibilizadas para não poluir. Os agricultores, esses continuam a não respeitar as regras para os recursos hídricos.
Soluções urgentes:
As intervenções que se propõem passam por uma melhoria da oxigenação das águas e desassoreamentos das margens, para manter escoamentos que evitem sobreaquecimentos exagerados das águas.
Em época da promoção de parcerias, a autarquia deve envolver-se na preservação e requalificação ambiental dos seus recursos hídricos. Se por exemplo, fosse pedido à universidade de Aveiro, com quem já temos algumas parcerias, para estabelecerem um plano de urgência de limpeza das margens e protecção, é óbvio que haveria capacidade de resposta e soluções.
Tudo isto não evitaria as drenagens de lamas orgânicas, principalmente na Lagoa e Barrinha, para isso será necessário um Projecto de requalificação ambiental de todo o nosso sistema hídrico, a sua inclusão no Programa Operacional para a Região Centro a co-financiar pela União Europeia no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para o período de 2007-2013. Há duas coisas que nunca voltam atrás: a palavra pronunciada e a oportunidade perdida! Por isso, é preciso meter mãos à obra.
A qualidade ambiental do nosso sistema hídrico, é um factor essencial, para o desenvolvimento turístico e para uma boa qualidade de vida.
Carlos Monteiro

6 comentários:

Anónimo disse...

As águas da Barrinha para além da eutrofização provocada pelos adubos agrícolas estão carregadas de jacintos de água.
Nas suas bermas continuam depositados jacintos já em decomposição à espera de recolha, proveniente de uma limpeza feita recentemente pela Associação de pesca da Praia de Mira.
Aguarda-se as primeiras chuvas, para que as sementes sejam de novo transportadas para as águas da Barrinha.
Como é possível, tanta negligência.

Anónimo disse...

Realmente assim é.
Para alem de tudo isto, sabendo ainda quanto ha para fazer, é triste verificar que mais um Verão passou e tudo permanece na mesma tal como antes.
Realmente é muito bonito receber palmadinhas por este ou aquele acto, mesmo que seja só por interesse ou demagogia populista. As pessoas mexem na porcaria, mas quando o cheiro levanta rapidamnete se apressam a corrigir o feito... interesses mais altos se levantam.
Bem te entendo

Anónimo disse...

É ma vergonha que após tantos executivos ninguem nunca tenha feito nada para resolver isto, e problemas como este.
O bem estar ambiental é da maior importancia para um correcto desenvolvimento economico e social. Os senhores comerciantes e responsaveis pela politica economica local já começam a sentir na pele os efeitos nocivos de uma ma politica ambiental no concelho. Por muitas noticias que surjam dizendo maravilhas é bem sabido que o comercio enfrenta cada vez mais dificuldades, as pessoas nao veêm tambem nao gastam.

Carlos Monteiro disse...

Realmente nas margens da Barrinha o lixo amontoado é imenso, deixado por pescadores desportivos e outros. Agora também com jacintos secos, com a passividade da entidade local, descartando a sua recolha para a Câmara.
Infelizmente, começa a ser normal que todos se demarquem das suas responsabilidades. Porque, afinal de contas, todos são responsáveis quando permitem que actos deste género destruam o que a todos pertence. Trata-se de um desperdício que não faz qualquer sentido! Faz pena!!!
Se não houver coragem em dar a cara e defender o que é justo, seremos sempre os perdedores.

Ps: Amigo João Luís,

Este texto agora publicado, foi enviado por mim no dia 23 de Julho. O administrador já me esclareceu, que por impossibilidade de aceder ao servidor, só hoje conseguiu colocar o meu texto. Confesso que cheguei a pensar que não queriam publicar mais textos meus, estavam no seu direito e ponto final, mas como poderás verificar não deixei de ser participativo, portanto estava longe de estar chateado com alguém.
No entanto, às vezes tenho sido criticado por alguns amigos nossos, por exagerar na importância das coisas que escrevo. Reconheço, que muitos assuntos podiam ser tratados de um modo mais directo. Inclusive as acções que requerem normalmente que sejam comunicadas, debatidas e corrigidas eficazmente, nos locais próprios.
De qualquer forma, nesses locais, tenho abordado alguns pontos acerca dos quais sinto que tenho algo a dizer. Mas deparo sempre com a mesma frase: “É uma bela ideia, mas a realidade do concelho é outra", sempre foi assim e tu sabes bem do que falo...quando a esponja já está seca não se consegue tirar de lá um pingo.
Começo a sentir incapacidade de não conseguir fazer nada para ajudar, principalmente a minha terra, a não ser estar aqui e eles saberem que estou cá.
Por isso, agora passei a preocupar-me mais com a minha consciência do que com a minha reputação. Porque a minha consciência é aquilo que eu sou, e a minha reputação é o que os outros pensam de mim. E o que os outros pensam, é problema deles.

Anónimo disse...

bem dito Carlos!

Anónimo disse...

A vida continua;os problemas continuam; o desleixo repete-se: aconselho que leiam a última intervenção do Carlos Monteiro no mirapolis.blospot.com sobre os Jacintos na Praia de Mira.
OLHO VIVO