quarta-feira, setembro 13, 2006

Pescanova vem até Mira-300 postos de trabalho


"O executivo camarário de Mira aprovou ontem, por unanimidade, a aceitação do projecto da multinacional espanhola Pescanova, que quer criar neste concelho uma unidade de aquicultura
João Reigota quebrou ontem o silêncio, abriu o dossier e confessou ao executivo camarário que teve duas reuniões com os espanhóis da multinacional Pescanova e que responsáveis desta empresa espanhola foram a Mira visitar o local onde pretendem instalar uma unidade de aquicultura, que produzirá mais de 10 mil toneladas de peixe e garantirá a criação de mais de 350 postos de trabalho.
O autarca de Mira explicou, no decorrer da reunião do executivo, que a opinião que tem sobre a abordagem da Pescanova, embora provisória, «é positiva» e, dada a grandeza do investimento, é de todo o interesse declarar o projecto de interesse público municipal.
«Este projecto não tem qualquer tipo de polémicas, é de interesse para o concelho, para a região e para o país», disse o autarca, pedindo ao executivo para dar o passo oficial para se andar rapidamente «com o processo», uma vez que considera haver «muita competitividade», ou seja, além de Mira, existem mais sete [concelhos] interessados no projecto, três dos quais em Portugal e os restantes fora do país.
O vereador do PSD, João Carlos Cruz, quis saber para que serve o interesse público, e Reigota justificou a proposta olhando «à riqueza e postos de trabalho» que o negócio proporciona, lembrando o social-democrata que «assuntos bem menores foram classificados de interesse municipal». Por outro lado, neste caso, «a lei também o exige» e o Estado «também precisa de saber o que o município pensa desta questão».
O vereador do PSD questionou o interesse público porque «desconhecemos totalmente o projecto», e elencou uma série de dúvidas, como «onde se localiza; qual a natureza dos efluentes; onde os descarrega; o que vai produzir; como vão ser alienados os terrenos…», afirmando João Carlos Cruz que este projecto «não foi aceite em nenhuma área protegida» e que foi chumbado «na Galiza», de onde é originária a multinacional Pescanova.
O deputado da oposição perguntou ainda quem garante os mencionados postos de trabalho e lembrou que para se declarar o interesse público, pressupõe conhecer-se todas as questões que levantou, até porque, referiu, «quando estas coisas parecem boas, na realidade não o são».
“Não devemos perder
esta oportunidade”
João Reigota achou «legítimas» as dúvidas do vereador, mas foi dizendo que se trata de um investimento de 150 milhões de euros, que a Pescanova «é a segunda maior da Europa» na área das pescas e «a sétima do mundo»; que o projecto vai criar «300 postos de trabalho directos e 1000 indirectos», que além da unidade de aquicultura vai criar fábricas de rações e embalagens, e que, de acordo com as informações que possui, o projecto «não provoca nenhum atentado ao ambiente». Por isso, disse o socialista, «devemos avançar!». Aliás, João Reigota, considera que as informações que possui são suficientes para abrir o processo e que «não devemos perder esta oportunidade».
Dos três vereadores do PSD, João Carlos Cruz foi o único que manifestou (e lembrou) preocupações ambientais e por isso quis saber para onde está previsto o projecto: «É no mar, na floresta, na rua, na Barrinha?», questionou o vereador “laranja”,
A resposta foi dada por Miguel Grego, vereador da maioria socialista, que criticou «o negativismo» do vereador da oposição, referindo sentir «um orgulho enorme» por estar [o concelho] «em competição directa» com outros concorrentes.
«Não estamos a dar terreno de mão beijada», sustentou Miguel Grego, afirmando que o que se está a fazer é uma candidatura à API – Agência Portuguesa de Investimentos, que está a apadrinhar o processo.
Relativamente ao ambiente, o vereador socialista disse que a Pescanova «vive da qualidade da água e isso diz tudo», ou seja, o ambiente não é posto em causa. Por outro lado, informou Miguel Grego, o ministro da Agricultura (Jaime Silva) é um dos responsáveis do Governo que apoia o projecto, que, de acordo com os socialistas, será implementado na zona sul da Praia de Mira, junto à Rotunda do Barco.
O social-democrata Luís Rocha, que até então não tinha falado sobre este processo, disse, depois de todas as explicações, que «estamos de acordo, mas não queremos um desenvolvimento a qualquer custo», nomeadamente se estiver em causa «a nossa água, o ambiente…».
O que parecia suscitar grandes divergências entre a maioria socialista e os vereadores do PSD, todos presentes, acabou por redundar em consenso, uma vez que, na hora da votação, o executivo aprovou por unanimidade a proposta do PS, o que motivou a João Reigota este desabafo: «Afinal estamos todos de acordo. Acho bem, porque este passo tinha de ser dado para credibilizar o projecto».
Projecto e proposta (de declaração de interesse público municipal) que vão, agora, ser ratificados pela Assembleia Municipal, que reúne, para o efeito, no próximo dia 21 deste mês."

3 comentários:

Anónimo disse...

A ideia parece boa (quanto ao peixe que dai saira isso e outra questao...)
Mais emprego para os mirenses, sim concerteza... Mas, e porque ha sempre um mas... qual o impacto desta unidade no concelho de Mira?
Positivo e negativo? Pois com certeza, e como nao ha bela sem senão, tambem criara algum impacto. Ora vejamos:
Estradas, floresta, o turismo tão propagandeado, a comunidade residente, a pesca local... entre tantos outros assuntos tudo tera que ser muito bem estudado e esclarecido.
Contudo e numa primeira analise como cidadão que nada sabe do processo, creio ser util para um concelho pequeno e periférico como Mira, é tempo de Mira e dos Mirenses se assumirem e de mostrarem o que podemos esperar da nossa terra para o futuro...

Joao Marques de Pinho
Icep Portugal
Portugese Ambasade, Economische Afdeling-Holand

Carlos Monteiro disse...

Em relação ao tema que nos é proposto, devo informa-los que nada há de conclusivo sobre este projecto, até porque as negociações ainda decorrem com o governo. O promotor do projecto não nos adianta nada sobre pormenores do mesmo, enquanto as negociações não estiverem concluídas.
Gostaria no entanto de expor os factores positivos e negativos, que um projecto desta dimensão nos poderá trazer. (no meu ponto de vista, claro...)
Factores positivos:
- A dimensão da empresa, a modernidade inovadora e a sua credibilidade no mercado mundial.
- A criação de 350 postos de trabalho fixos e cerca de 1000 residentes.
- O interesse municipal em ter uma unidade deste tipo no concelho.
- O melhoramento de acessos rodoviários
- A aquicultura obriga à prática de pesca selectiva, o que reduz o desperdício, nas unidades de produção, em todas as fases do processo produtivo.
- A utilização de energia alternativa.
Factores que poderão ser negativos:
- A avaliação e o estudo geo-biológico do local onde o projecto irá ser implantado.
- A desflorestação necessária para a implementação do projecto.
- O impacto que poderá provocar na região, uma vez que se trata de uma zona turística.
- A Fábrica de rações provoca fortes emissões de poluentes e maus cheiros, provenientes da combustão da biomassa (matéria prima). Como sabe, o nosso país já ultrapassou as cotas de emissões, propostas pela U.E.
- Os tipos de efluentes que produz. Não sei se a Simria, os deixará introduzir no seu sistema, sem pré-tratamento.
- Os lixos industriais. (ainda bem que iniciou o processo de coiceneração, senão não tínhamos alternativas) Esta unidade produz mais, que as cerca de 1450 empresas do ramo existentes no país.
No entanto para aliviar este cenário negro, em 2005 numa visita profissional, porque trabalho no mesmo ramo, à Frinova – Pontevedra (empresa do grupo Pescanova), fiquei impressionado com a modernidade desta empresa.
Trata-se de uma empresa que ocupa 23 000 m2 Junto à costa da Galiza
Esta Unidade de produção, para além de possuir as tecnologias das mais avançadas que conheço, em termos de equipamentos, tem fontes de energias próprias (energias alternativas), faz recuperação de águas, que circulam no sistema de vapor.
As águas residuais são tratadas na própria fábrica e reutilizadas.
Faz a própria gestão de resíduos. Trata os seus efluentes.
Tem laboratórios de análises bioquímicas e qualidade alimentar, equipados com alta tecnologia.
Para além disso, participa activamente na formação profissional e ambiental dos seus recursos humanos, colaborando em acções de informação e protecção do meio ambiente.
Será uma empresa deste tipo a unidade que está a ser negociada?
O que peço neste tipo de estudo é que sejamos ponderados, que se analisem os prós e os contras, porque é necessário que predomine o bom senso.


Uma vez garantidos todos os problemas ambientais que citei, que estou convencido que estão assegurados pelo promotor do projecto, penso que este mega-projecto poderá ser uma mais valia para o nosso concelho.
Os tempos de negociação destes Investimentos são curtos e exigem disponibilidade, rapidez e antecipação. A competição é intensa a nível nacional e internacional. E há de facto oportunidades que apenas surgem uma vez.

Nota: Conheço mal o Cabo Touriñam na Coruña, embora já estivesse no local. A saturação de pequenas empresas pesqueiras de mariscos na zona, torna insustentável a instalação de uma unidade fabril com estas dimensões.
Na minha modesta opinião, fez bem o responsável do município, em não deixar construir esta unidade naquele local.
No entanto existem outras unidades de aquicultura na costa galega, uma das quais próxima de Finisterra. (como sabemos, zona protegida).


Carlos Monteiro

Anónimo disse...

How right you are Legendary Zen, someone must have had his hands wide open, because nobody can be convinced that this crazy project will be good for Mira. Just look at the Stolt Sea Farm homepage, there you can see the other plants in Spain and how they "fit" into the ecosystem, they are a big vergonha and the Camara has to take the responsibility for a huge mistake! I counted the empresas that Stolt Sea Farm admits to have in Europe, there are two hatcheries, nine farms in Galicia, three more in the EU, there are sales offices and so on and so on, and only 2300 employees, so who believes that they will create 350 jobs just in Mira? NOBODY !!!! They will make their money, pollute the sea with dirt and antibiotics, destroy the dunes, and quit in the end, when there's no more profit to make , leaving an ecological catastrophe behind! There will be Cacia in the north of Aveiro, another ecological crime, and Pescanova in Mira, and that means GOOD BYE to tourism!
Farmerzen, you are soooo right!