sexta-feira, outubro 06, 2006

AS MARES VIVAS MAIS FORTES DOS ULTIMOS 25 ANOS


O próximo mês de Outubro vai ter as marés vivas mais fortes dos últimos 25 anos. “Os dias em que se prevêem as maiores subidas no nível da água serão 7 e 8 de Outubro”, diz Leonor Martins, investigadora do Instituto Hidrográfico.

Acrescenta que a diferença de amplitude das marés pode ser de apenas alguns centímetros, mas se nessa altura se registarem baixas pressões atmosféricas, causadoras de mau tempo, a subida do nível do mar pode chegar a 30 a 40 centímetros acima do que é habitual. Fátima Espírito Santo, do Instituto de Meteorologia (IM), diz que a pressão urbanística e a destruição das dunas podem agravar o efeito das marés: “A erosão é notória em algumas praias, por isso, mesmo uma subida ligeira do mar pode ter efeitos desastrosos.”A culpa das marés vivas é da Lua. É o seu alinhamento com o Sol que faz deslocar a massa de água dos oceanos, devido à atracção da força da gravidade. Este ciclo coincide com a lua cheia e a lua nova e tem um pico a cada 18,6 anos. As tabelas astronómicas apontam o ano de 2006 para se registar um ponto máximo. O fenómeno é mais intenso no período dos equinócios de Primavera e de Outono, quando o Sol está alinhado com o equador, potenciando a força gravitacional dos astros.Algumas zonas são particularmente vulneráveis às marés vivas. Leonor Martins explica que a região de Aveiro e da Ria Formosa, no Algarve, são geralmente mais afectadas pela subida do nível do mar: “Como têm terrenos muito planos de baixa altitude junto à costa são mais facilmente alagadas”, diz. Mas há outros pontos do planeta em que os efeitos podem ser muito mais graves. As autoridades da Irlanda e do Reino Unido lançaram um aviso às populações salientando o risco de inundações provocadas pelas marés vivas.
DESDE OS GREGOS E BABILÓNIOS Foi Seleuco (365-283 a.C.), filósofo e cientista da Babilónia, o primeiro a associar as marés com a influência da Lua. O sábio verificou que a subida das águas coincidia com os períodos de lua cheia e lua nova, apenas com alguns desfasamentos. Mais tarde, outro sábio da antiguidade clássica, Plínio, o Velho (23-79 d.C.) também estudou o assunto e confirmou a importância do satélite natural da Terra nas marés e associou-o também à influência do Sol. Apesar de não conhecer ainda as leis da gravidade, o sábio estabeleceu nessa época uma tabela de marés que ainda hoje se mantém actual.
DICIONÁRIO
BAIXA-MARÉ o nível das águas do mar no fim da vazante, quando se conservam paradas. O fenómeno também se verifica nos estuários dos rios, sendo mais acentuado quanto mais próximo se está da foz.PREIA-MARÉ o maior nível atingido pelas águas do mar no fim da enchente (também é correcto escrever ‘praia-mar’, mas este não é o termo naútico).AMPLITUDEA diferença entre as alturas da preia-mar e baixa-mar. A amplitude máxima dá-se por ocasião das marés vivas equinociais. A amplitude média ocorre por ocasião das marés vivas médias. A amplitude mínima corresponde à menor elevação das águas.MARÉS MORTAS Ocorrem quando a Lua está em quarto crescente ou minguante. Nesta situação, a amplitude das marés é baixa.MARÉS VIVAS Verificam-se durante a lua nova e cheia e caracterizam-se por preia-mares de grande altura e baixa-mares muito baixas.
Fontes: Associação Nacional de Cruzeiros e Instituto Hidrográfico

2 comentários:

Carlos Monteiro disse...

Portugal é possuidor de uma vasta costa marítima, que constitui um enorme património natural que urge preservar e melhorar.
As pessoas que moram na orla costeira estão familiarizadas com a regularidade no aumento e queda do nível do mar devido às marés. Muitas regiões assistem, também, modificações do nível do mar devidas a aumentos de pressão e à força dos ventos. Quando as “marés”ocorrem junto com as marés de lua, podem ocorrer danos significativos.
Oscilação vertical da superfície do mar (ou outra grande quantidade de massa de água), sobre a terra, causada primeiramente pelas diferenças na atracção gravitacional da Lua e, em menor extensão, do Sol sobre os diversos pontos da Terra. Devido aos movimentos relativos Sol-Terra-Lua, as marés comportam-se como movimentos harmónicos compostos.
Os sistemas dunares para além de possuírem fauna e flora próprias de grande interesse, têm a importantíssima função de actuarem como barreira de protecção contra a erosão do litoral. As dunas costeiras formam-se na zona que se segue ao domínio das marés, através do transporte das areias pelo vento. Especialmente durante a maré baixa a areia seca é mobilizada pelo vento depositando-se mais adiante, ao encontrar qualquer obstáculo forma a duna embrionária, o ponto de partida para a formação de um cordão dunar.
Assim sendo, esse ecossistema mostra-se de grande importância, apesar de ser continuamente descaracterizado ambientalmente, devido aos abusivos níveis de intervenção humana. O homem na procura das suas necessidades económicas e sociais ao longo da sua história tem deixado um rasto de alterações ambientais que se fazem sentir de maneira preocupante, muitas vezes de forma irreversível.
A extracção de inertes tem como resultado o desmantelamento das dunas, criando zonas muito sensíveis à acção do mar. Por outro lado acentua o actual déficit de sedimentos no litoral, em consequência da retenção em grande escala nas barragens dos nossos rios.
Tentativas de se estabilizar a posição da linha de costa, por intermédio de obras de engenharia (molhes, esporões, etc.), têm-se mostrado ineficientes em controlar o fenómeno que implicam a destruição da praia recreativa. Entretanto, em alguns casos extremos, essa é a mais efectiva e rápida maneira de defesa do património público ou privado.
Podemos ter a certeza, que a sul dos esporões da Praia de Mira, vamos assistir a mais um cenário lamentável de erosão costeira.

Carlos Monteiro

Administrador disse...

O balanço das anunciadas marés vivas revela que a costa figueirense assistiu a um fim-de-semana calmo e sem registo de ocorrências relacionadas com o ciclo equinocial.

Temia-se que a costa figueirense fosse fustigada por forte agitação marítima e inundações. Porém, ao contrário das previsões meteorológicas, o fim-de-semana acabou por ser calmo, no mar, na costa e no estuário figueirenses. Não se registaram, portanto, inundações provocadas pelas anunciadas marés vivas equinociais.
De acordo com dados obtidos junto da Capitania da Figueira da Foz, o nível da água na zona estuarina subiu entre 30 e 40 centímetros, mas sem consequências para as povoações, empresas e equipamentos ribeirinhos.
A ondulação marítima atingiu uns modestos 2,8 metros. “Nada de anormal”, explicou o comandante da Capitania, Louro Alves.
Como mais vale prevenir, a Protecção Civil Municipal construiu barreiras de areia ao longo das praias da Figueira e Buarcos. “Foram construídas a pensar nas marés vivas e no Inverno que se avizinha”, explicou o delegado da Protecção Civil, Fernando Castro.
Os Bombeiros Voluntários e os Bombeiros Municipais, por seu turno, mantiveram-se também preparados para intervir.

Zona sul
foi poupada
Temia-se que as ondas pudessem afectar a sensível costa da margem sul do concelho. Sobretudo a Costa de Lavos e a Praia da Leirosa, localidades onde o mar tem vindo a destruir a protecção dunar e ameaçando invadir habitações.
No balanço final, ontem, Fernando Castro conclui que, “felizmente, não houve marés vivas, mas apenas marés cheias”. Durante o fim-de-semana não se registou qualquer ocorrência relacionada com o ciclo equinocial.
Porém, nem toda a faixa costeira nacional viveu a mesma calmaria registada na Figueira da Foz. O alinhamento da lua, da terra e do sol provocou inundações em zonas costeiras e ribeirinhas em várias localidades do norte e do sul do país. No Algarve registaram-se mesmo inundações em algumas habitações, obrigando ao desalojamento de algumas famílias.