segunda-feira, outubro 02, 2006

Municipios reunem com Cavaco

"É de expectativa o ambiente que envolve a audiência que presidente da República concede hoje à Associação Nacional de Municípios Portugue ses (ANMP). Sobre a mesa estará a proposta do Governo de nova Lei das Finanças Locais, que a maioria dos autarcas tem vindo a contestar. A Oposição espera que o encontro de Fernando Ruas com Cavaco Silva possa ter um efeito mediador no conflito, uma vez que antecede uma reunião, marcada para depois de amanhã, entre o autarca e o ministro de Estado e da Administração Interna, António Costa. As câmaras receiam perder dinheiro com a nova lei, mas o Governo argumenta com a necessidade de equilibrar as contas públicas, numa discórdia que se arrasta há dois meses.
Os limites à capacidade de endividamento, as novas regras de distribuição de verbas e os mecanismos de autonomia fiscal das autarquias têm sido os principais pontos de discussão entre ANMP, que inicia depois de amanhã, um congresso extraordinário para debater o tema, e o secretário de Estado Adjunto e da Administração Local, Eduardo Cabrita. O presidente da ANMP, Fernando Ruas, aponta o processo de discussão da nova lei como "o momento mais complicado" de sempre do poder local democrático e já ameaçou que as autarquias poderão deixar de apoiar os serviços do Estado na cedência de espaços, oferta de gasóleo às forças policiais ou fornecimento de consumíveis e reparações. O maior ponto de discórdia assenta no facto de o Governo querer impedir que as autarquias endividadas acumulem mais dívidas e engrossem a dívida total da Administração Pública, restringindo o acesso ao crédito. A ANMP acusa o Governo de sobrecarregar as autarquias com um "esforço suplementar" na contenção da dívida e de não aplicar o mesmo nível de exigência a si próprio e às empresas que controla. Para a ANMP, isto significa que nos próximos três anos, as autarquias deixarão de ter disponíveis entre 290 a 350 milhões de euros, um corte de cinco a seis por cento das receitas anuais. Mas Eduardo Cabrita, já garantiu que não haverá em 2007 qualquer redução nas transferências do Orçamento de Estado para as autarquias. A contestação ao diploma, aprovado em Conselho de Ministros a 27 de Julho, começou com a divulgação de que a lei prevê que as autarquias possam ficar com um máximo de 5% do IRS cobrado no seu território. Destes, 2% ficarão reservados aos municípios, que poderão optar por receber até mais 3%. Caso escolham não o fazer, a taxa de IRS no concelho será mais baixa que o previsto na lei, o que, segundo o Governo, aumentará a competitividade fiscal entre as autarquias e poderá atrair população para algumas zonas. "(in JN)

5 comentários:

Anónimo disse...

Fala se em diminuir receitas provinientes do orçamento de estado, logo os senhores autarcas começam com o rol de queixas habitual.
A tipica posiçao de coitadinho, que os nossos autarcas e muitos cidadaos gostam de cultivar, continua a prevalecer sobre uma posiçao de arrojo e iniciativa, esta bem mais proveitosa para todos. Contudo e sabendo tambem das inumeras dificuldades financeiras com que os municipios se debatem, obrigam a um maior cuidado na implementaçao desta ou daquela medida. O problema surge quando tem que fazer uma lei, geral, em que pagam nao so os prevaricadores e os menos aplicados na gestao publica, mas tambem e sobretudo os municipios que por manifesta impossibilidade de produzirem mais riqueza e garantir maiores receitas, sao obrigados a penar e a permanecer estagandos uns anos mais, porque parece que a "revoluçao" nao veio para todos...

Anónimo disse...

Espero que isto melhor qualquer coisinha senão estamos muito mal. O poder de compra é cada vez menor e os ricos estão cada vez mais ricos. Isto tem que dar uma volta.

Anónimo disse...

Sera que tambem vao diminuir as receitas da camara de Mira? E a questao do endividamento com e que fica? Esta a capacidade de contrair emprestimos vedada tambem?
Como vao os municipios mais pequenos sobreviver?
Acho que em primeiro lugar deveriam era controlar bem os gastos e depois controlar as verbas para os que gastam muito mais produzem pouco, poque o nosso principal problema deve ser esse mesmo, a produtividade... Por exemplo nas camaras municipais e sejam elas PSD, CDS, PS ou outras, em cada novo mandato entram sempre mais alguns da confiança dos vencedores ( contra o facto de colocarem ppessoas da confiança nesses lugares nada contra ) agora o problema e que muitas vezes esses individuos nada acrescentam á maquina publica, muito pelo contrario, vem é provocar um maior atrito e uma maior lentidao. Porque sao mal preparados, estao muitas vezes longe de qualquer atitude pró interesse publico e mais ligados, isso sim, ao interesse privado. E pena que isto continue a acontecer... Muito pior que qualquer diminuiçao de verbas ou contrangimento ministerial é a continua atitude de passividade em que estamos mergulhados, isso sim!

Anónimo disse...

Para os interessados cá vai a resposta... (sem bocas foleiras)

O senhor Presidente da República foi sensível a ouvir a nossa informação. A partir de agora, com certeza que a vai tratar", afirmou, à saída de um encontro em Belém com Cavaco Silva, que serviu para "dar uma informação" ao chefe de Estado sobre as reclamações dos autarcas.

Fernando Ruas manifestou esperança que Governo e autarcas possam ainda aproximar posições, remetendo para uma reunião de amanhã com o ministro da Administração Interna, António Costa.

"Vamos continuar a esperar que o diálogo com o Governo seja frutuoso, na reunião que vamos ter amanhã com o ministro da tutela e depois esperar o congresso", disse.

Após a reunião de cerca de uma hora com Cavaco Silva, o presidente da ANMP escusou-se, por isso, a fazer mais comentários sobre a polémica.

O maior ponto de discórdia assenta no facto de o Governo querer impedir que as autarquias endividadas acumulem mais dívidas e engrossem o débito total da Administração Pública, restringindo-lhes o acesso ao crédito.

A ANMP acusa o executivo de sobrecarregar as autarquias com um "esforço suplementar" na contenção da dívida e de não aplicar o mesmo nível de exigência a si próprio e às empresas que controla.

A associação argumenta que com a entrada em vigor da versão da actual proposta de lei, 205 câmaras ficarão com a capacidade de endividamento esgotada, impossibilitadas de recorrer a crédito, enquanto o Governo afirma que ficarão apenas 70 nessa situação.

A 11 de Outubro, será debatido na Assembleia da República um pacote legislativo sobre as autarquias, que inclui a nova Lei das finanças Locais e diplomas relativos às taxas e empresas municipais.

Carlos Monteiro disse...

Um dos pontos da nova lei das Finanças Locais passa pela responsabilização das câmaras. Que em vez da anterior transferência directa do orçamento de Estado, passam a receber só uma parte da mesma.
Na prática a proposta de lei do Governo traduz-se por uma profunda decepção, acreditando eu que o primeiro-ministro com raízes e percurso no interior, fosse sensível a estes mecanismos e não se deixasse envolver pelo centralismo académico na relação com o Poder Local.
As distorções geradas são extremamente gravosas. Havendo autarquias que perdem mais de 70% dos fundos que actualmente são transferidos e outras que vêem as suas receitas crescerem também mais de 80%.
Aparentemente a gravidade desta situação seria ultrapassada com a cláusula que foi introduzida impedindo perdas de receita superiores a 5%. Porém, na prática, o que isto significará é que cada município não poderá descer mais de 5% em cada ano, durante os anos necessários até atingir a descida global sem aquela correcção.
A expectativa era a de "que a nova lei fosse um corrector de assimetrias" mas na prática verifica-se que a nível nacional descem os que têm menos habitantes.

Na prática está-se, pela via da revisão da Lei das Finanças Locais, a fazer uma revisão administrativa do país destruindo os pequenos municípios, pois as variações negativas afectam os mais pequenos, especialmente os que têm menos de 10 mil habitantes, e as variações positivas afectam os maiores.
"Não tenho expectativas de que haja mais dinheiro, mas sim de que com o governo ocorra uma redistribuição diferente e com espírito de coesão nacional".
No entanto continuo a bater-me pela alteração da lei das finanças locais, de forma a deixar de beneficiar quem mais constrói e especula, em detrimento dos que procuram a transparência e políticas de requalificação.

Por fim a questão que me levou a escrever este post: Caso a lei venha a ser aprovada, qual irá ser a posição da Câmara Municipal de Mira face à nova lei das Finanças Locais?
Será que vai cobrar a taxa máxima? Ou pelo contrário vai decidir devolver os 3% aos contribuintes do concelho? Ou vai optar por as taxas intermédias de 1% e 2%.
Seja qual for a decisão do executivo, é indispensável que a mesma seja justificada junto dos cidadãos das quatro freguesias que fazem parte do concelho.


Carlos Monteiro